quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

RAZÃO versus EMOÇÃO - UM ETERNO EMBATE MENTAL

ENTRE RAZÃO E EMOÇÃO: O MOSAICO DA VIDA

Por Heitor Jorge Lau

            A vida é uma necessidade constante que se conquista ao longo da existência. O equilíbrio entre razão e emoção não é um objetivo distante, mas uma prática diária, presente em cada decisão, por menor que seja. Cada gesto, cada escolha, conduz inevitavelmente ao crescimento emocional e intelectual. O cotidiano, com suas microdecisões, é o campo fértil onde se constrói caráter e consciência. Esse crescimento, no entanto, só se torna positivo quando o indivíduo aprende a bloquear, refutar, ignorar e combater a negatividade. Ela está sempre presente, como uma sombra inevitável, e funciona como teste de caráter. A negatividade externa pode ser evitada ou afastada, mas a interna é infinitamente mais difícil, pois não há como bloquear pensamentos negativos. Eles surgem espontaneamente, persistem e afetam profundamente a percepção de si e do mundo.

            O esforço de controlar emoções negativas é torturoso. Surge então o niilismo como refúgio filosófico: se nada tem sentido duradouro, talvez não haja por que lutar contra o peso da mente. A única certeza da vida é a morte, inevitável e universal. Essa constatação relativiza todas as preocupações, pois tudo o que hoje parece urgente ou grandioso se dissolve no tempo. No entanto, viver não é sobre desapego total nem sobre valorização intensa de cada instante, mas sobre a capacidade de distinguir o que realmente importa daquilo que não importa. Essa distinção nasce tanto da razão quanto da experiência. A sabedoria, portanto, não é plena, porque é humanamente impossível vivenciar tudo. Ela é um mosaico, formado pelas peças que cada pessoa recolhe em seu entorno. É plena no contexto imediato, mas incompleta diante do todo. Mais do que beleza ou autenticidade, a sabedoria deve ser útil: servir ao bem-estar pessoal e social em amplo espectro.

            Ora ativa, ora silenciosa, a sabedoria se molda às circunstâncias. Saber quando agir e quando calar é talvez sua forma mais refinada. Não é dom natural, mas habilidade aprendida e cultivada ao longo da vida. Esse cultivo exige tanto disciplina consciente quanto abertura espontânea. A disciplina dá estrutura, enquanto a abertura permite absorver lições inesperadas. O equilíbrio entre ambas é um desafio imenso, mas os momentos de desequilíbrio, ainda que inevitáveis, podem ser diminuídos e transformados em aprendizado. O desequilíbrio é irmão da fraqueza racional e emocional, mas também primo das pressões que a vida impõe. Ele revela vulnerabilidades, mas também pode ser convite ao crescimento. Viver, portanto, é absurdamente difícil, porque razão e emoção são inimigos que disputam a posse da mente e do comportamento humano. Nenhum deles conquista domínio pleno, e quem sofre é o indivíduo, o ser pensante e emocional. No entanto, talvez o indivíduo não seja apenas perdedor dessa batalha. Ele é o campo fértil onde razão e emoção se encontram, se chocam e, desse atrito, produzem aquilo que chamamos de vida. Viver, enfim, não é fácil!


 

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