sexta-feira, 22 de julho de 2011

O CONHECIMENTO COMO BASE DA SUSTENTABILIDADE INTELECTUAL

Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas e Mestrando em Educação
* Capítulo 1 apresentado em MBA de Gestão de Recursos Humanos
Neste exato momento uma fração de tudo que foi aprendido na semana que passou pode estar teoricamente ultrapassada. Exagero? Talvez ou nem tanto, afinal o dinamismo possibilitado pela quantidade de recursos tecnológicos de busca da informação congregado com a quantidade de fontes de informação e conhecimento é literalmente ilimitado. Isto é denominado de: a era da informação. Este cenário pertencente à sociedade da informação que institui o paradigma de que tudo deve ser executado com máxima produtividade sem negligenciar a qualidade da execução. Existe uma enormidade de informações sobre praticamente tudo e sobre todos em tempo real. As fontes de pesquisa estão distribuídas em formatos mais variados como artigos, revistas, sites, blogs, etc. Indiscutivelmente, buscar, apoderar e reciclar conhecimento é indispensável e prioritário, principalmente para aqueles que almejam pleno sucesso profissional.
Chiavenato (1999, p. 33) expressa que
 [...] estamos vivendo em plena Era da Informação, em que o recurso organizacional mais importante – o capital financeiro – está cedendo o pódio para outro recurso imprescindível – o capital intelectual. É o conhecimento e a sua adequada aplicação que permitem captar a informação disponível para transformá-la rapidamente em oportunidade [...].
 A enxurrada de informações e conhecimento que permeiam o cotidiano altera a forma e concepção de vida de todos, e para aqueles que se dão o luxo de ignorar tal fato, sem dúvida, estão ficando “para trás”, porque alguém neste exato momento está se atualizando e tomando a dianteira. Para os céticos de plantão, um exemplo pode ser observado na medida em que alguma organização seleciona um candidato pela quantidade e qualidade dos conhecimentos adquiridos e acumulados no decorrer da vida, e não simples e unicamente pela instituição de ensino em que a graduação foi concluída. Isto significa que a vantagem está no histórico da dedicação pelo aprimoramento intelectual e resultados nitidamente alcançados. O mercado de trabalho garimpa o profissional multi-habilitado e qualificado, preferencialmente bilíngüe, preparado para agüentar a pressão da competitividade, focado em resultados, intelectualmente dotado, predisposto a mudanças repentinas e ágeis, simultaneamente especialista e generalista, com visão sistêmica, e com expertise em gestão de pessoas. Este mix de características resulta em empregabilidade. Luckesi e Passos (1996) esboçam a teoria de que o processo de aprimoramento intelectual não é resultante da retenção de informações, mas sim, da utilização delas para descobrir novos horizontes e avançar neles. Portanto, quanto mais amplo for o leque de conhecimentos melhor será o desempenho do indivíduo que os detêm, e conseqüentemente maior sua vantagem competitiva. A vantagem competitiva é constituída a partir de um conjunto de características que agregam valor pela diferença ou pela unicidade. É importante salientar que a unicidade é temporária, porém, a diferença pode ser permanente, mas exige muita dedicação e desempenho contínuo, capaz de associar, dinâmica e ininterruptamente, informação ao conhecimento. O termo informação, tão comum e largamente usado no cotidiano, pode ser encontrado no dicionário sob inúmeros significados: ação de informar ou informar-se; notícia recebida ou comunicada; espécie de investigação a que se procede para verificar um fato, etc. Porém, Epstein (1988, p.35) conceitua informação como
 uma redução de incerteza, oferecida quando se obtém resposta a uma pergunta. A incerteza refere-se à quantidade de respostas possíveis que conhecemos, apesar de não sabermos qual delas é a verdadeira. Para definirmos a informação no sentido da teoria da informação é necessário conhecer-se o tamanho da ignorância, isto é, a dimensão da classe das respostas possíveis.
 Portanto, obter informação significa munir-se de esclarecimentos a respeito de determinada dúvida sendo que a quantidade de informações necessárias para saná-la é proporcionalmente igual ou superior à quantidade de incertezas que alguém possa ter. Assim, é exeqüível afirmar que toda busca pela informação somente cessa na medida em que as respostas para as perguntas surgirem. É interessante citar que os termos informação e conhecimento, apesar de serem constantemente confundidos com o mesmo significado, possuem traduções distintas. Davenport e Prusak (1998, p. 18), afirmam que informações são “dados dotados de relevância e propósito” enquanto que o conhecimento é “informação valiosa da mente humana. Inclui reflexão, síntese, contexto. [...] Freqüentemente tácito”. Portanto, o conhecimento não é encontrado somente em documentos ou nos inúmeros sistemas de informação, ele encontra-se nas práticas individuais ou de grupo, e no acúmulo de experiências. Por isso, é possível compreender que o conhecimento humano é fruto de toda experiência adquirida e da soma dos pensamentos e invenções da mente, ou seja, é o acúmulo de informações entremeadas de significados e interpretações, de contextos e reflexões. Conseqüentemente, é praticamente impossível um único ser humano ou até mesmo um grupo de pessoas, adquirir e ter propriedade sobre todo tipo de conhecimento existente. Assim, gerir o próprio conhecimento é mister e, talvez, o único caminho a percorrer quando se almeja a conquista da empregabilidade, que nada mais é do que deter a condição de ser empregável. Ser empregável significa ter condições plenas de proporcionar emprego ao conhecimento e habilidades desenvolvidas por intermédio da (re)educação, sistematicamente ajustada às novas demandas do mercado de trabalho. O significado do termo empregabilidade descrito pela Wikipédia (2011), ora bem fundamentado por Minarelli,
 [...] baseia-se numa recente nomenclatura dada à capacidade de adequação do profissional às novas necessidades e dinâmica dos novos mercados de trabalho. Com o advento das novas tecnologias, globalização da produção, abertura das economias, internacionalização do capital e as constantes mudanças que vêm afetando o ambiente das organizações, surge a necessidade de adaptação a tais fatores por parte dos empresários e profissionais.

            Empregabilidade através da gestão do conhecimento: esta seria a forma mais sensata de perceber como conquistar o pódio da empregabilidade. Gerir o próprio conhecimento significa elaborar e constituir um conjunto de estratégias capaz de buscar, gerar e empregar ativos de conhecimento, com o intuito de garantir informações suficientes e pertinentes no tempo e no formato ajustado. Existem três tipos de conhecimento, segundo Miranda (1999): explícito, tácito, e o resultado da congregação deles, o estratégico. O explícito, como o próprio termo traduz, é a conjunção de informações manifesta em determinado meio, como nos impressos ou sites, por exemplo. O conhecimento tácito caracteriza-se pelo acúmulo de saberes sobre algum assunto específico, onde existem fatores vinculados a experiência e até mesmo à personalidade do autor. Este pode ser considerado o ativo mais importante porque é intangível. O último tipo, o estratégico, resulta da combinação dos dois primeiros, o explícito e o tácito, sendo complementado por saberes de especialistas da área em questão. Em entrevista a Revista Management (2006, p. 26), Peter Drucker, considerado o “inventor da administração”, disse que

no domingo à noite, depois de colocarem as crianças na cama e em vez de se sentarem na frente da TV, os executivos devem pegar uma folha de papel e escrever: “De quais informações eu preciso para realizar meu trabalho?” [...]. Hoje os executivos têm de assumir duas responsabilidades. Uma é a responsabilidade pela informação – para si e para e empresa. A outra é a responsabilidade por seu próprio aprendizado contínuo.
            A empregabilidade ancora firmemente na predisposição de buscar informações incessantemente, e transformá-las em conhecimento, em saberes, a fim de propiciar plena flexibilidade de atuação no mercado de trabalho. Os paradigmas do emprego permanente e dos padrões inflexíveis de trabalho migraram para a temporariedade e modelos mais flexíveis, e o almejado emprego para a vida toda em uma única empresa para uma carreira sem fronteiras. Esta é a nova realidade contemporânea, que demonstra visivelmente que o mundo não permanece imutável, pelo contrário, tudo se transforma: estilo de vida, atividades econômicas, sistemas políticos, as organizações, etc. Portanto, buscar o desenvolvimento interpessoal por meio do acréscimo de conhecimento com vistas ao relacionamento interpessoal excelente é lógico e necessário.


Referências:
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
DAVENPORT, T.; PRUSAK, L. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998.
Empregabilidade. Disponível em: < http: //pt.wikipedia.org/ wiki/ Empregabilidade >. Acesso em: 05 maio 2011.
EPSTEIN, Isaac. Teoria da informação. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1988.
HSM MANAGEMENT. Um legado de sete décadas. Número 54, volume 01, jan./fev. 2006, p. 24-28.
LUCKESI, C. C., PASSOS, E. S. Introdução à filosofia: aprendendo a pensar. São Paulo: Cortez, 1996
MIRANDA, R. C. da R. O uso da informação na formulação de ações estratégicas pelas empresas. Ciência da Informação. Brasília, v.28, n.03, p. 284-290, set./dez. 1999.