sábado, 6 de setembro de 2025

PREGUIÇA CORPÓREA = PREGUIÇA MENTAL E VICE-VERSA

 

DESINTERESSE, FUGA OU PREGUIÇA?

EIS A QUESTÃO QUE JÁ POSSUI A RESPOSTA.

            É interessante observar como, por vezes, o ser humano se afasta do que a ciência aponta como o "correto" ou "melhor" para a vida. Uma das razões pode ser a natureza humana em si: seres complexos, movidos não apenas pela lógica, mas também por emoções, crenças e experiências pessoais. O conhecimento científico, embora valioso, muitas vezes exige um certo esforço cognitivo para ser compreendido e aplicado. Além disso, a ciência está em constante evolução, o que pode gerar a percepção de que suas "verdades" são mutáveis ou incertas, levando as pessoas a buscarem respostas em fontes mais consolidadas ou que ressoam mais com suas visões de mundo. Outro fator é o aspecto social. Muitas vezes, nossas decisões e preferências são influenciadas pelo grupo em que estamos inseridos. Se o ambiente ao nosso redor não valoriza ou até mesmo desafia o conhecimento científico, é mais provável que sigamos a corrente, mesmo que isso signifique ir contra o que a ciência recomenda. Há, também, o conforto da familiaridade. Romper com hábitos ou crenças enraizadas, mesmo que não sejam as mais benéficas, pode ser desconfortável. A mudança exige força de vontade (bastante) e, muitas vezes, nos inclinamos para o que é conhecido e menos desafiador, mesmo que a longo prazo não seja o ideal. É uma dinâmica que revela a complexidade da tomada de decisões humanas.

            A "verdade" que a ciência apresenta pode ser, por vezes, desafiadora e inconveniente. Ela pode exigir que abandonemos crenças confortáveis, modifiquemos hábitos arraigados ou que confrontemos realidades que preferiríamos ignorar. É nesse ponto que a repulsa surge. Nossa complexidade humana, movida por emoções e crenças, não se opõe apenas ao esforço cognitivo da ciência, mas também ao seu potencial capacidade de desestabilizar nossa visão de mundo. A "verdade científica" pode, em muitos casos, confrontar nossa identidade ou a forma como construímos nossa narrativa pessoal. Por exemplo, aceitar a verdade sobre os impactos ambientais de certas ações pode exigir uma mudança de estilo de vida que muitos não estão dispostos a abraçar, gerando uma repulsa a essa verdade para manter o status quo. A constante evolução da ciência também pode ser interpretada como uma "incerteza" que serve de pretexto para a repulsa. Se a verdade de hoje pode ser refinada amanhã, por que aceitá-la e aplicá-la agora, especialmente se ela for desconfortável? Essa linha de raciocínio oferece uma fuga da responsabilidade de lidar com uma verdade que exige ação. O aspecto social também desempenha um papel crucial na repulsa pela verdade. Em grupos onde a verdade científica é vista como uma ameaça ou como uma ferramenta de controle, a rejeição torna-se um ato de pertencimento e solidariedade. A verdade, nesse contexto, é estigmatizada, e a repulsa a ela é celebrada como um sinal de independência ou de lealdade ao grupo. O conforto da familiaridade se transforma em uma trincheira contra a verdade. É mais fácil rejeitar uma verdade que perturba do que desmantelar e reconstruir nossas convicções. A repulsa, aqui, é um mecanismo de autoproteção, um escudo contra a dor ou o esforço da mudança. Portanto, a repulsa pela verdade não é simplesmente uma falta de compreensão ou de interesse. Ela é, muitas vezes, uma reação ativa e multifacetada a algo que percebemos como uma ameaça à nossa zona de conforto, às nossas crenças ou à nossa identidade, mesmo que essa "verdade" seja cientificamente validada e benéfica para a vida. É um paradoxo humano complexo: a aversão ao que, em última instância, poderia nos trazer mais bem-estar.

            Complementando os pontos já abordados sobre a complexidade da repulsa pela verdade e a rejeição ao que a ciência aponta como melhor para a vida, surge uma vertente mais direta e, talvez, mais incômoda: a possibilidade de que o comodismo seja, em grande parte, pura e simples preguiça. Embora nossas emoções, crenças e o ambiente social exerçam um papel inegável, não podemos negligenciar a força da inércia humana. Aceitar e agir de acordo com verdades cientificamente comprovadas, muitas vezes, exige esforço: seja para pesquisar e entender informações, para mudar hábitos profundamente enraizados, para confrontar o senso comum ou para adotar novas práticas que demandam disciplina. Tudo isso dá trabalho. A "preguiça cognitiva" pode nos levar a preferir a simplicidade de uma crença já estabelecida, mesmo que falha, em detrimento da complexidade de uma verdade científica que exige análise crítica. É mais fácil permanecer na ignorância seletiva do que se engajar com dados e evidências que podem desafiar nossa zona de conforto intelectual. A verdade, nesse cenário, é vista como um fardo, e a preguiça nos convence de que é melhor não o carregar. A "preguiça de agir" também se manifesta. Sabemos que uma alimentação balanceada e exercícios físicos são cruciais para a saúde, mas o sofá e o fast food oferecem uma gratificação instantânea e sem esforço, por exemplo. Conhecemos os riscos de certos comportamentos, mas a mudança exige energia e persistência, qualidades que a preguiça sabota. A verdade sobre o que é melhor para nossa vida, nesses casos, é percebida, mas a inação prevalece por falta de vontade de investir o esforço necessário. Nesse contexto, a repulsa pela verdade não é apenas uma defesa contra a ameaça à identidade ou uma busca por pertencimento social; ela pode ser um disfarce, uma racionalização para a recusa em despender energia. É mais fácil construir argumentos complexos sobre por que uma verdade é "questionável" ou "irrelevante" do que simplesmente admitir que a mudança que ela exige é trabalhosa demais. Assim, enquanto complexas interações psicológicas e sociais indubitavelmente moldam nossa relação com a verdade, a preguiça emerge como um fator primordial e muitas vezes subestimado. Ela atua como um potente catalisador para o comodismo, solidificando a barreira entre o que sabemos ser o melhor e o que realmente fazemos em nossas vidas.

 

 


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