domingo, 31 de agosto de 2025

A SOCIEDADE DA EFEMERIDADE - UM VÁCUO MENTAL EM CONSTRUÇÃO

 

 A SOCIEDADE DA EFEMERIDADE

por Heitor Jorge Lau

 

            A sociedade contemporânea vive sob o signo da imagem. Essa "onda" de preferir o visual imediato ao invés da profundidade da leitura tem se manifestado de forma cada vez mais intensa, transformando a forma como interagimos com o mundo e com o conhecimento. A sua percepção de que este é um problema social grave e crescente é bastante pertinente. A preferência pela imagem, muitas vezes vazia de conteúdo e efêmera, sobre o texto, denota uma mudança preocupante no nosso aparato cognitivo. A imagem, por sua natureza, é consumida rapidamente, exigindo menos esforço intelectual. Ela oferece uma gratificação instantânea, mas raramente estimula o pensamento crítico, a imaginação ou a capacidade de interpretar nuances. O ato de ler, por outro lado, é um exercício de paciência e concentração. A leitura de um livro ou mesmo de um texto curto exige que o cérebro trabalhe ativamente, construindo cenários, decifrando intenções e conectando ideias. Essa atividade não apenas aprimora o vocabulário e a capacidade de comunicação, mas também nutre a empatia, permitindo-nos enxergar o mundo sob diferentes perspectivas e lidar com a complexidade de narrativas e argumentos. A consequência dessa preferência pela imagem é a superficialidade. Pessoas habituadas ao consumo de conteúdo visual e imediato tendem a desenvolver uma aversão à complexidade, ao debate e à argumentação. O resultado é um público que se satisfaz com resumos superficiais, "titulares" e clichês, ignorando a riqueza e a profundidade de pensamentos que só a leitura é capaz de proporcionar. Essa tendência não é apenas uma escolha estética ou de lazer; ela é a expressão de uma sociedade que valoriza a velocidade em detrimento da profundidade, a resposta rápida em detrimento da reflexão. A imagem, nesse contexto, torna-se uma barreira para o conhecimento, uma distração que nos impede de mergulhar em narrativas complexas e no pensamento crítico. O livro, por sua vez, exige essa imersão e nos recompensa com uma compreensão mais profunda da vida, do mundo e de nós mesmos.

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