Por Heitor Jorge Lau
Empresário e Mestrando em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas
Analista de Sistemas da Informação
Certo dia, muito tempo atrás, perguntei ou será que praguejei:
- Por que estudar literatura? Isso servirá para alguma coisa?
A maturidade possui as suas vantagens. A principal delas é que carrega consigo a sapiêcia e, no momento oportuno e apropriado, despeja sobre "os ombros" do ser humano o senso crítico e a serenidade necessária para o bem viver. Uma vida serena deve ser regrada por momentos de paz e tranquilidade, mas não somente financeira. Também de extrema e infindável mansidão emocional, intelectual e espiritual.
Neste singelo texto a ótica principal diz respeito a quietude intelectual.
Mas como semear quietação em nossas mentes?
Muitas seriam as respostas mas dentre elas a literatura está vigorosamente presente.
Retornando ao questionamento inicial e deveras antigo, façamos uma breve viagem pelos significados do que vem a ser a tão ignorada e muitas vezes esquecida, literatura.
A literatura é uma dentre as várias formas de manifestação da arte, como são a pintura, a arquitetura, a música, a dança e a escultura. E, já que a arte pode revelar-se de múltiplas maneiras, é possível concluir que há entre essas expressões artísticas pontos em comum e pontos específicos ou particulares.
Dentre os pontos em comum, o principal é a própria essência da arte, ou seja, a possibilidade de o artista recriar a realidade, transformando-se, assim, em criador de mundos, de sonhos, de ilusões, de verdades... O artista tem, dessa forma, um poder mágico em suas mãos: o de moldar a realidade segundo suas convicções, seus ideais... sua vivência.
Um caso que ilustra bem este poder mágico é do pintor Cândido Portinari, que demonstrou um profundo carinho pelos meninos de Brodósqui, sua cidade natal, no interior de São Paulo. Sempre que os desenhava, colocava-os em balanços e gangorras. Quando perguntavam ao pintor por que a insistência com crianças em "pleno voo", respondia: "Gosto de vê-los assim, no ar, feito anjos".
Essa possibilidade de recriar a realidade, dando corpo a uma outra verdade, é que levou o pintor espanhol Pablo Picasso a afirmar: "A Arte é uma mentira que revela a verdade".
O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar assim se manifestou sobre a transformação simbólica do mundo:
A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, uma transformação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro - mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado - por cima da realidade imediata. Naturalmente, esse mundo outro que o artista cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das ideias que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo.
Dentre os pontos específicos, o principal é a própria maneira de se expressar que vai caracterizar cada uma das manifestações artísticas. O artista literário se exprime através da palavra oral ou escrita. O pintor, através das cores e formas. O escultor, das formas obtidas pela exploração das três dimensões - comprimento, largura e altura. O músico, do som. A dança, dos movimentos corporais acompanhando um determinado som.
Portanto, quando bater aquele desejo imenso de voar por mundos da imaginação, quando surgir aquela vontade intensa de vestir a essência de algum personagem, quando o impulso de fugir da realidade for grande: Leia! Busque nos horizontes da literatura o seu herói salvador; encontre nas marés da literatura as ondas da esperança; perceba na literatura o tempero da inspiração...
"Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é simplesmente a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível". Ezra Pound