O APARELHO PSÍQUICO
(ICs-PCs-Cs
e ID-Ego-Superego)
Por: Ms. Heitor Jorge Lau
Doutorando em Psicologia Cognitiva
Mestre em Educação
Pós-graduado em Gestão de Pessoas
Bacharel em Comunicação Social
Na insistente e incansável busca
pelo entendimento das origens dos problemas dos seus pacientes e de colegas da
profissão, Sigmund Freud percebera que a mente do ser humano se constituía de
dois estados, o Estado de Consciência e o Estado de Inconsciência, existindo,
portanto, um fracionamento da mente em duas partes distintas, porém vinculadas.
O primeiro fora reconhecido como um Estado Mental Normal, e o segundo, o Estado
Mental Hipnóide.
Modelo
Topográfico do Aparelho Psíquico – Primeira Tópica
No decorrer dos seus estudos o
Psicanalista cria uma teoria inovadora primeira, a Teoria Topográfica. Freud percebe que os processos mentais eram mais
complexos do que poderiam parecer, uma vez que eles ocorriam em instâncias
separadas, sendo um influenciado pelo outro. Neste interim, o Pai da
Psicanálise, apresenta uma tríade de sistemas interconectados a qual referenciara
como Aparelho Psíquico. Os três
sistemas seriam denominados de: - Ics Inconsciente; - Pcs Pré-consciente; e, - Cs
Consciente.
O Sistema Inconsciente percebido como um Processo Primário, é o mais vetusto
dentre os demais constantes no Aparelho Psíquico, constituído de recordações e ficções
remotas recalcadas. O Inconsciente,
conduzido pelo Princípio do Prazer, intenta fazer emergir as representações
pulsonais intensamente catexizadas, na tentativa de buscar o prazer. A tarefa
de compreender as representações do Inconsciente é verdadeiramente difícil, uma
vez que ele não expressa coerência, um local específico ou casualidade. Tudo
aparenta desordem temporal e espacial.
O Sistema Pré-consciente, sistema que atua diretamente ligado a Consciência,
é o responsável direto por reprimir os conteúdos do Inconsciente que poderiam
causar tormentos avassaladores a mente consciente. O que impede as
representações recalcadas de emergirem na consciência é o obstáculo da Censura (Freud identificou esta força
no Aparelho Psíquico e assim a denominou). É exatamente neste sistema que a
linguagem toma forma, se estrutura.
O Consciente capta todas as representações oriundas do interno e
externo de forma concomitante. Seria importante ressaltar que o consciente recebe
as representações do pré-consciente, todavia, do inconsciente não. Freud
considerou o funcionamento e interação do Consciente e Pré-consciente como
sendo um Processo Secundário, capaz de avaliar a satisfação, o retardamento
e/ou inibindo as descargas pulsionais, criando tolerância ao desprazer. Acontecimentos
ou sentimentos podem desaparecer do sistema consciente migrando para o
pré-consciente que por sua vez podem alojar-se no inconsciente.
Modelo
Estrutural ou Dinâmico do Aparelho Psíquico – Segunda Tópica
Este modelo se constitui a partir de
três instâncias psíquicas: O Id, Ego e Superego. Possuem atribuições
específicas, porém, a comunicação entre elas acontece de forma ininterrupta e a
influência que uma exerce sobre a outra é constante. Este conjunto de
instâncias, na forma como se compõem, organizam a maneira como a pessoa irá
relacionar-se com a humanidade - Teoria
da Personalidade.
O Id, imerso totalmente no inconsciente, é percebido como um
apanhado de representações pulsionais e inconscientes de origens hereditárias,
portanto, inatas ao indivíduo. Por outro lado, também obtidas e recalcadas. Segundo
Freud, sob o olhar econômico, o Id seria a “fonte e o reservatório” da força
psíquica do ser humano, capaz de impulsionar ou motivar o Ego e Superego. Ao
analisar o Id sob uma perspectiva topográfica (Modelo Topográfico), esta
instância corresponde muito com o Inconsciente do Modelo Topográfico, uma vez
que, também é destituído de razão e equilíbrio com o universo exterior. Busca,
igualmente (comparado com o Ics), saciar tenções sem levar em conta qualquer
princípio moral, social ou racional. É o recipiente de toda a energia psíquica
e da libido.
O Ego, também imerso parcialmente no inconsciente, todavia, com a
sua maioria consciente, é conduzido essencialmente pelo Princípio da Realidade, cuja Função Essencial seria adequá-lo ao
mundo externo. O seu desenvolvimento ocorre ainda na infância e a gênese da
personalidade do ser humano acontece neste período. Esta instância possui a
árdua missão de contentar os impulsos do Id e as imposições do mundo exterior sem
deixar de considerar as exigências morais sugeridas pelo Superego. Em síntese, o
Ego promove incansavelmente o equilíbrio. É relevante citar que o Ego protege o
Consciente (Cs) do sujeito de forma a impedir que as representações que foram
recalcadas se manifestem e provoquem ora “torturas” psíquicas.
O Superego, imerso parcialmente no inconsciente, procura a
partir da internalização da autoridade dos pais, instituir penas, preceitos e
modelos com o intuito de promover o equilíbrio moral e social. O seu
desenvolvimento acontece a partir do Ego, período que Freud referenciou como
Período de Latência. Seria possível compreender que o Superego detém a
importante tarefa de policiar e ajuizar o Ego e controlar as pulsões do Id.
Mecanismos de Defesa
A reincidência de embates com
grandes proporções entre o Id, Ego e Superego desenvolvem estados mentais
psicóticos ou neuróticos. O Ego, instância incansável do Aparelho Psíquico,
possui os seus Mecanismos de Defesa, cujos principais objetivos são diminuir as
inquietações psíquicas internalizadas. Seriam eles:
- Recalcamento ou Repressão: o enfrentamento entre os impulsos do Id
e os acenos morais do Superego fazem insurgir este mecanismo. Neste momento o
Ego trata de armazenar o desprazer nas “sombras” do Inconsciente.
-
Negação: socorre um Ego débil enjeitando a realidade por algo imaginário.
-
Renegação/Denegação/Recusa: seria a negação em menores proporções. Mesmo
tendo consciência da existência da verdade, a renega. Uma fração do Ego é
afetado.
-
Regressão: acontece diante da incapacidade do Ego de controlar determinada
circunstância ameaçadora.
- Conversão Orgânica: de acordo com Freud,
uma manifestação de ordem física expressa um “simbólico associado” a uma pulsão
de ordem primária, neste caso, de origem sexual.
-
Projeção: arremessa para o exterior as representações que o Ego não
consegue aceitar.
-
Deslocamento: no impedimento de direcionar determinados impulsos sexuais ou
coléricos para um objeto, os mesmos são redirecionados para outro objeto.
-
Racionalização: diante da impossibilidade de compreensão psíquica, o Ego
consciente elabora um novo evento racional para substituir o incompreendido.
-
Formação Reativa: face a uma representação que fora recalcada, este
mecanismo constrói e a substitui por outra contrária.
-
Sublimação: algumas pulsões de caráter destrutivo são aprimoradas com o
intuito de “vesti-las com uma roupagem” socialmente aceitável.
Breves considerações finais
A partir da síntese anteriormente exposta,
é perceptível que os processos do Aparelho Psíquico isentam o indivíduo de Neuroses
Psíquicas. Contudo, este equilíbrio somente acontece por intermédio da correta
interação do Ics, Pcs e Cs. Desta feita, a interação entre o Id, Superego e Ego
não fogem à regra. Portanto, o Aparelho Psíquico consiste de um complexo sistema
que necessita de sincronia, a fim de propiciar o equilíbrio psicológico ao ser
humano.
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