quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

O APARELHO PSÍQUICO


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O APARELHO PSÍQUICO
(ICs-PCs-Cs e ID-Ego-Superego)
Por: Ms. Heitor Jorge Lau
Doutorando em Psicologia Cognitiva
Mestre em Educação
Pós-graduado em Gestão de Pessoas
Bacharel em Comunicação Social
            Na insistente e incansável busca pelo entendimento das origens dos problemas dos seus pacientes e de colegas da profissão, Sigmund Freud percebera que a mente do ser humano se constituía de dois estados, o Estado de Consciência e o Estado de Inconsciência, existindo, portanto, um fracionamento da mente em duas partes distintas, porém vinculadas. O primeiro fora reconhecido como um Estado Mental Normal, e o segundo, o Estado Mental Hipnóide.
            Modelo Topográfico do Aparelho Psíquico – Primeira Tópica
            No decorrer dos seus estudos o Psicanalista cria uma teoria inovadora primeira, a Teoria Topográfica. Freud percebe que os processos mentais eram mais complexos do que poderiam parecer, uma vez que eles ocorriam em instâncias separadas, sendo um influenciado pelo outro. Neste interim, o Pai da Psicanálise, apresenta uma tríade de sistemas interconectados a qual referenciara como Aparelho Psíquico. Os três sistemas seriam denominados de: - Ics Inconsciente; - Pcs Pré-consciente; e, - Cs Consciente.
            O Sistema Inconsciente percebido como um Processo Primário, é o mais vetusto dentre os demais constantes no Aparelho Psíquico, constituído de recordações e ficções remotas recalcadas. O Inconsciente, conduzido pelo Princípio do Prazer, intenta fazer emergir as representações pulsonais intensamente catexizadas, na tentativa de buscar o prazer. A tarefa de compreender as representações do Inconsciente é verdadeiramente difícil, uma vez que ele não expressa coerência, um local específico ou casualidade. Tudo aparenta desordem temporal e espacial.
            O Sistema Pré-consciente, sistema que atua diretamente ligado a Consciência, é o responsável direto por reprimir os conteúdos do Inconsciente que poderiam causar tormentos avassaladores a mente consciente. O que impede as representações recalcadas de emergirem na consciência é o obstáculo da Censura (Freud identificou esta força no Aparelho Psíquico e assim a denominou). É exatamente neste sistema que a linguagem toma forma, se estrutura.
            O Consciente capta todas as representações oriundas do interno e externo de forma concomitante. Seria importante ressaltar que o consciente recebe as representações do pré-consciente, todavia, do inconsciente não. Freud considerou o funcionamento e interação do Consciente e Pré-consciente como sendo um Processo Secundário, capaz de avaliar a satisfação, o retardamento e/ou inibindo as descargas pulsionais, criando tolerância ao desprazer. Acontecimentos ou sentimentos podem desaparecer do sistema consciente migrando para o pré-consciente que por sua vez podem alojar-se no inconsciente.
            Modelo Estrutural ou Dinâmico do Aparelho Psíquico – Segunda Tópica
            Este modelo se constitui a partir de três instâncias psíquicas: O Id, Ego e Superego. Possuem atribuições específicas, porém, a comunicação entre elas acontece de forma ininterrupta e a influência que uma exerce sobre a outra é constante. Este conjunto de instâncias, na forma como se compõem, organizam a maneira como a pessoa irá relacionar-se com a humanidade - Teoria da Personalidade.
            O Id, imerso totalmente no inconsciente, é percebido como um apanhado de representações pulsionais e inconscientes de origens hereditárias, portanto, inatas ao indivíduo. Por outro lado, também obtidas e recalcadas. Segundo Freud, sob o olhar econômico, o Id seria a “fonte e o reservatório” da força psíquica do ser humano, capaz de impulsionar ou motivar o Ego e Superego. Ao analisar o Id sob uma perspectiva topográfica (Modelo Topográfico), esta instância corresponde muito com o Inconsciente do Modelo Topográfico, uma vez que, também é destituído de razão e equilíbrio com o universo exterior. Busca, igualmente (comparado com o Ics), saciar tenções sem levar em conta qualquer princípio moral, social ou racional. É o recipiente de toda a energia psíquica e da libido.
            O Ego, também imerso parcialmente no inconsciente, todavia, com a sua maioria consciente, é conduzido essencialmente pelo Princípio da Realidade, cuja Função Essencial seria adequá-lo ao mundo externo. O seu desenvolvimento ocorre ainda na infância e a gênese da personalidade do ser humano acontece neste período. Esta instância possui a árdua missão de contentar os impulsos do Id e as imposições do mundo exterior sem deixar de considerar as exigências morais sugeridas pelo Superego. Em síntese, o Ego promove incansavelmente o equilíbrio. É relevante citar que o Ego protege o Consciente (Cs) do sujeito de forma a impedir que as representações que foram recalcadas se manifestem e provoquem ora “torturas” psíquicas.
            O Superego, imerso parcialmente no inconsciente, procura a partir da internalização da autoridade dos pais, instituir penas, preceitos e modelos com o intuito de promover o equilíbrio moral e social. O seu desenvolvimento acontece a partir do Ego, período que Freud referenciou como Período de Latência. Seria possível compreender que o Superego detém a importante tarefa de policiar e ajuizar o Ego e controlar as pulsões do Id.
            Mecanismos de Defesa
            A reincidência de embates com grandes proporções entre o Id, Ego e Superego desenvolvem estados mentais psicóticos ou neuróticos. O Ego, instância incansável do Aparelho Psíquico, possui os seus Mecanismos de Defesa, cujos principais objetivos são diminuir as inquietações psíquicas internalizadas. Seriam eles:
            - Recalcamento ou Repressão: o enfrentamento entre os impulsos do Id e os acenos morais do Superego fazem insurgir este mecanismo. Neste momento o Ego trata de armazenar o desprazer nas “sombras” do Inconsciente.
            - Negação: socorre um Ego débil enjeitando a realidade por algo imaginário.
            - Renegação/Denegação/Recusa: seria a negação em menores proporções. Mesmo tendo consciência da existência da verdade, a renega. Uma fração do Ego é afetado.
            - Regressão: acontece diante da incapacidade do Ego de controlar determinada circunstância ameaçadora.
            - Conversão Orgânica: de acordo com Freud, uma manifestação de ordem física expressa um “simbólico associado” a uma pulsão de ordem primária, neste caso, de origem sexual.
            - Projeção: arremessa para o exterior as representações que o Ego não consegue aceitar.
            - Deslocamento: no impedimento de direcionar determinados impulsos sexuais ou coléricos para um objeto, os mesmos são redirecionados para outro objeto.
            - Racionalização: diante da impossibilidade de compreensão psíquica, o Ego consciente elabora um novo evento racional para substituir o incompreendido.
            - Formação Reativa: face a uma representação que fora recalcada, este mecanismo constrói e a substitui por outra contrária.
            - Sublimação: algumas pulsões de caráter destrutivo são aprimoradas com o intuito de “vesti-las com uma roupagem” socialmente aceitável.



            Breves considerações finais
            A partir da síntese anteriormente exposta, é perceptível que os processos do Aparelho Psíquico isentam o indivíduo de Neuroses Psíquicas. Contudo, este equilíbrio somente acontece por intermédio da correta interação do Ics, Pcs e Cs. Desta feita, a interação entre o Id, Superego e Ego não fogem à regra. Portanto, o Aparelho Psíquico consiste de um complexo sistema que necessita de sincronia, a fim de propiciar o equilíbrio psicológico ao ser humano.

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