quinta-feira, 24 de setembro de 2020

CIÊNCIA e RELIGIÃO

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Por: Ms. Heitor Jorge Lau

Psicanalista
Mestre em Educação
Pós-graduado em Gestão de Pessoas
Bacharel em Comunicação Social

 

     Não é porque Immanuel Kant redigiu a “Crítica da Razão Pura” que a existência de Deus ou da religião deve ser riscada do rol de possibilidades reais - ou pode?


    É interessante como estas questões permanecem em pauta há tanto tempo e por sinal continuarão nos anais da história da humanidade. A ciência que trata do assunto sob um olhar objetivo e singularmente racional, “defronta-se” praticamente com todas as religiões existentes no planeta porque estas tratam o mesmo assunto e a busca por repostas sob a ótica da subjetividade pura.

    A “peleja” entre pontos de vista divergentes acontece há séculos e no final das contas, tudo que se argumenta, culmina muito mais na natureza das provas existentes do que sobre a existência de Deus e a importância das religiões para as sociedades. Esta dúvida inquietante, porém instigante, provoca uma curiosidade latente por respostas.

    1º O que é religião? Religião, termo oriundo do latim religare, significa religação com o divino. Mas afinal, qual o significado da palavra divino? Divino significa excelente, maravilhoso, divinal... Então, religar ou tornar a manter contato com o maravilhoso é transcender a visão de mundo sob um prisma extremamente particular e único. Seria pertinente considerar esta conexão, de caráter estritamente pessoal, como o reencontro com a espiritualidade, ao contrário da compreensão habitual sobre a religião como puramente sinônimo de fé. Seria razoável, portanto, ao invés do questionamento sobre o que vem a ser religião, indagar o que caracteriza as aspirações de um ser humano que dá a impressão de ser religiosa.

    2º O que é ciência? Não é preciso empreender muito esforço intelectual para concluir sobre o que vem a ser ciência. Ciência é o esforço secular de reunir por intermédio do pensar sistêmico, fenômenos perceptíveis “deste mundo”, formando uma concepção mais completa quanto possível. Em outras palavras, é a tentativa de reconstrução posterior da existência, através do processo da conceituação.

    Bem, ao conceber a religião e a ciência conforme estas colocações, um conflito iminente entre elas pareceria praticamente impossível, pois a ciência pode apenas determinar o que é, e não o que deve ser. Por conseguinte, a ciência sem a religião é aleijada, e por outro lado, a religião sem a ciência é cega.

    Desta forma, adentramos superficialmente nas regularidades que prevalecem no âmbito das coisas vivas, porém, o suficiente para perceber a existência de uma regra necessária. Por esta razão o diálogo entre ciência e religião só poderá acontecer no contexto do entendimento, mas jamais no cenário dos fundamentos. Portanto, “nem tão terra”, “nem tão céu”, porque o certo mesmo, é que o diálogo entre a ciência e religião serve para que surja uma "fé racional", deixando radicalmente de lado o literalismo bíblico e a “Crítica da Razão Pura”.

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