Por: Ms. Heitor Jorge Lau
Psicanalista
Mestre em Educação
Pós-graduado em Gestão de Pessoas
Bacharel em Comunicação Social
Não é porque Immanuel Kant redigiu a “Crítica da Razão Pura” que a existência de Deus ou da religião deve ser riscada do rol de possibilidades reais - ou pode?
É
interessante como estas questões permanecem em pauta há tanto tempo e
por sinal continuarão nos anais da história da humanidade. A ciência que
trata do assunto sob um olhar objetivo e singularmente racional,
“defronta-se” praticamente com todas as religiões existentes no planeta
porque estas tratam o mesmo assunto e a busca por repostas sob a ótica
da subjetividade pura.
A
“peleja” entre pontos de vista divergentes acontece há séculos e no
final das contas, tudo que se argumenta, culmina muito mais na natureza
das provas existentes do que sobre a existência de Deus e a importância
das religiões para as sociedades. Esta dúvida inquietante, porém
instigante, provoca uma curiosidade latente por respostas.
1º O que é religião? Religião, termo oriundo do latim religare,
significa religação com o divino. Mas afinal, qual o significado da
palavra divino? Divino significa excelente, maravilhoso, divinal...
Então, religar ou tornar a manter contato com o maravilhoso é
transcender a visão de mundo sob um prisma extremamente particular e
único. Seria pertinente considerar esta conexão, de caráter estritamente
pessoal, como o reencontro com a espiritualidade, ao contrário da
compreensão habitual sobre a religião como puramente sinônimo de fé.
Seria razoável, portanto, ao invés do questionamento sobre o que vem a
ser religião, indagar o que caracteriza as aspirações de um ser humano
que dá a impressão de ser religiosa.
2º O que é ciência?
Não é preciso empreender muito esforço intelectual para concluir sobre o
que vem a ser ciência. Ciência é o esforço secular de reunir por
intermédio do pensar sistêmico, fenômenos perceptíveis “deste mundo”,
formando uma concepção mais completa quanto possível. Em outras
palavras, é a tentativa de reconstrução posterior da existência, através
do processo da conceituação.
Bem,
ao conceber a religião e a ciência conforme estas colocações, um
conflito iminente entre elas pareceria praticamente impossível, pois a
ciência pode apenas determinar o que é, e não o que deve ser. Por
conseguinte, a ciência sem a religião é aleijada, e por outro lado, a
religião sem a ciência é cega.
Desta
forma, adentramos superficialmente nas regularidades que prevalecem no
âmbito das coisas vivas, porém, o suficiente para perceber a existência
de uma regra necessária. Por esta razão o diálogo entre ciência e
religião só poderá acontecer no contexto do entendimento, mas jamais no
cenário dos fundamentos. Portanto, “nem tão terra”, “nem tão céu”,
porque o certo mesmo, é que o diálogo entre a ciência e religião serve
para que surja uma "fé racional", deixando radicalmente de lado o
literalismo bíblico e a “Crítica da Razão Pura”.
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