Por: Ms. Heitor Jorge Lau
Psicanalista
Mestre em Educação
Pós-graduado em Gestão de Pessoas
Bacharel em Comunicação Social
O filósofo alemão Kant brincou com a ideia da liberdade do pássaro, imaginando uma pomba ágil, indignada
contra a resistência do ar que a impedia de voar mais depressa. Na
verdade, é justamente essa resistência que lhe serve de suporte, pois
seria impossível voar no vácuo. Se o voo livre do pássaro é uma ilusão,
da mesma forma podemos dizer que incorremos em engano semelhante ao nos
considerarmos capazes de liberdade absoluta. Analisemos: a partir do
princípio do determinismo, tudo que existe no mundo está sujeito à lei
da casualidade. A ciência só é possível porque o conhecimento da relação
necessária entre causa e efeito - isto é, o conhecimento dos
determinismos naturais - leva à descoberta das leis da natureza e
permite que sejam feitas previsões e desenvolvidas técnicas.
Não há como negar que também o ser humano se acha preso a
determinismos: tem um corpo sujeito às leis da física e da química, é um
ser vivo que pode ser compreendido pela biologia. Por isso, já no
século XVIII, os matemáticos franceses D' Holbach e La Mettrie reduziam
os atos humanos a elos de uma cadeia causal universal. Já, no século
XIX, o filósofo francês Taine, discípulo direto de Augusto Comte,
afrimava que não somos livres, mas determinados pelo momento, pelo meio e
pela raça. Essa concepção influenciou os intelectuais daquele século,
inclusive a literatura naturalista. No Brasil, quem ler O Cortiço e/ou
Mulato, de Aluísio Azevedo, identificará as forças incontroláveis do
meio e da raça agindo de forma inexorável no comportamento das pessoas.
Herdeiros dessa visão determinista, Watson e Skinner, psicólogos
contemporâneos da corrente comportamentalista, admitem que o ser humano
tem a ilusão de ser livre, mas na verdade apenas desconhece as causas
que atuam sobre ele. A ciência do comportamento conheceria de tal forma
as motivações, que seria possível prever e portanto planejar o
comportamento humano. Concluindo, além dos determinismos psicológicos,
podemos acrescentar os culturais: ao nascer, encontramos um mundo já
constituído e recebemos como herança a moral, a religião, a organização
social e política, a língua, enfim, os costumes que de certa forma
moldam nossa maneira de sentir e pensar. Então, a liberdade existe?
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