segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Por: Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas e Mestrando em Educação
 
         O termo ‘qualidade de vida’ possui uma significação deveras complexa e abrangente. Seria sensato considerar a subjetividade da expressão, uma vez que depende da cronologia, das crenças pessoais, e fundamentalmente da percepção que cada cidadão tem de si e do contexto em que vive.  Uma organização não é diferente. Ela também é dotada de um histórico cultural que geralmente norteia os cenários, condutas e caminhos a serem percorridos. Assim, é possível afirmar que sempre coexistirá a diversidade de modelos mentais nas empresas, sendo praticamente impossível contemplar todos os anseios e desejos particulares dos colaboradores ou ignorá-los em detrimento de uma possível cultura organizacional divergente. O correto é propiciar um espaço que concilie interesses em prol de um ambiente de trabalho salutar e produtivo a partir da implantação de um programa de QVT[1], a fim de evitar conflitos, crises e controvérsias. O clima organizacional e o desempenho de cada colaborador no cargo que ocupa são os dois fatores essenciais a considerar na QVT. Observar ao mesmo tempo estas variáveis significa desenvolver as condições ideais para as pessoas e para o bem-estar econômico da organização. É importante salientar que, se a qualidade de vida no trabalho for precária, a insatisfação e a conseqüente redução da produtividade laboral serão inevitáveis. Desta forma, a empresa não cumpre com o seu papel social de proporcionar condições mais humanizadas no trabalho, destituindo do ser humano a capacidade de desempenhar outros papéis em suas vidas privadas.
        O homem está inserido num sistema organizacional repleto de complexidades que envolvem aspectos pessoais, culturais e sociais. Por estes motivos fundamentais é que as organizações devem fomentar um clima organizacional satisfatório. Assim, é indubitável a necessidade de encarar o ser humano como a peça fundamental de todos os sistemas de produção, e quão importante é adequar equipamentos, maquinários, e o próprio ambiente de trabalho ao homem, conciliando as suas características pessoais, determinadas restrições, potencialidades e limitações. O homem-máquina precisa ser visualizado como o homem-ser-humano, digno de considerações vinculadas aos aspectos e implicações físicas, psicológicas e sociais decorrentes do trabalho. Esta renovação de enfoque envolve uma nova ótica da medicina, psicologia, direito, sociologia, até mesmo da economia, e das organizações cuja preocupação passa a perseguir a motivação no trabalho a partir da satisfação física e mental do trabalhador. A Ergonomia e a Segurança e Saúde no Trabalho somam esforços, e congregam saberes de diversas áreas do conhecimento, com o objetivo de tornar o ambiente que o homem passa em média um terço do seu cotidiano, mais seguro, agradável e psicologicamente mais favorável ao labor. A medicina do trabalho, fisiologistas, arquitetos e engenheiros trabalham conjuntamente em prol do aumento da eficácia e redução da fadiga e doenças ocupacionais, através da investigação e estudo dos aspectos antropométricos, riscos ambientais, ruídos, temperatura, iluminação, vibração, e qualidade do ar. Trata-se certamente da humanização do trabalho. Nas organizações que compreendem a susceptibilidade do homem às variações emocionais, as conseqüências positivas podem ser observadas nos resultados operacionais exponencialmente mais fecundos, uma vez que a capacidade laboral de cada trabalhador é utilizada de forma racional. Certamente, o universo que circunda o significado do título deste texto é tão extenso que não há a mínima possibilidade de esgotá-lo nos limites desta página. Porém, despertar o interesse pela temática devido a sua relevância é a intenção básica porque saber como administrar os fatores que ocasionam o estresse no trabalho é um grande desafio, diante de um mercado de trabalho repleto de trabalhadores que muitas vezes se sujeitam a qualquer condição de trabalho pela necessidade do sustento e da sobrevivência.

[1] QVT - Qualidade de Vida no Trabalho.



REFERÊNCIAS

ALENCAR, Maria C. B. Trabalho, saúde e Ergonomia: breves contextos. Campinas: Komedi, 2007.
CARAVANTES, Geraldo R. Reengenharia ou readministração? In:_____ Reengenharia ou readministração? Do útil e do fútil nos processos de mudança. Porto Alegre: AGE, 1994. p. 13-29.
COACHING ORGANIZACIONAL. Disponível em: http://www.leadership-agenda.com. Acesso em 02 dez. 2010.
DAVIS, K.; NEWSTROM, J. W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem psicológica. São Paulo: Pioneira, 1992.
HOEPPNER, Marcos G. (Org.). Normas regulamentadoras relativas à segurança e medicina do trabalho. Ed. 3. São Paulo: Ícone, 2008.
NEWSTROM, John W. Comportamento organizacional: o comportamento humano no trabalho. Tradução: Ivan Pedro Ferreira Santos. Ed. 12. São Paulo: McGraw-Hill, 2008.
THIRY-CHERQUES, Hermano R. Modelagem de projetos. Ed. 2. São Paulo: Atlas, 2008.
VERDUSSEN, Roberto. Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.

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