sexta-feira, 7 de maio de 2021

O Tempo e o Espaço. O tempo existe? O tempo passa?

 

            Nada é mais familiar do que a passagem do tempo. “Aproveite seu dia! ”, dizem, pois “o que está aqui hoje vai acabar amanhã”. Apesar de realmente parecer que o tempo se move para a frente, não está claro como isso acontece, porque o tempo não é um objeto físico ou uma coisa: ele não existe primeiro em um lugar, depois em outro. Mas, então, em que sentido, exatamente, ele se move? Na verdade, se estivesse realmente se movendo, seria possível ter a capacidade de dizer a que velocidade. Daria para pensar que os relógios medem esse ritmo, mas não é bem assim. O que o relógio mede, na verdade, não é o tempo, mas como algumas coisas físicas estão correlacionadas com outras coisas físicas. Alguém olha para o relógio e observa que ele marca 13h13, depois olha novamente e observa 13h15.

            Essas duas visualizações estão correlacionadas com as duas leituras, aparentemente medindo dois minutos de tempo. Mas agora, entre essas duas olhadas tudo no Universo acelerou ao mesmo tempo, incluindo a atividade cerebral, os pensamentos e as sensações, além dos mecanismos do relógio. Essas duas olhadas ainda estariam correlacionadas com as duas leituras, mas menos de dois minutos teriam se passado – e nunca se notaria a diferença. Então, o relógio não estaria medindo realmente o tempo! Se alguém quiser na verdade imaginar o tempo se movendo, diferente de todas as coisas físicas, deve imaginar o universo inteiramente vazio de todas as coisas físicas e perguntar se o tempo ainda fluiria. Novamente, é tentador responder que sim, porém, nesta hipótese o universo é vazio, ou seja, não há nada nele. Mas se realmente não há nada, então nada pode estar acontecendo, nada pode estar ocorrendo e nada pode se mover. “O tempo voa”, dizem, “quando estamos nos divertindo”. Divertir-se não pode fazer que o tempo passe mais rápido, se o tempo não está passando de jeito algum.

            Diferente de um “rio que corre”, o tempo não se comporta da forma como é percebido. Passado, presente e futuro existem simultaneamente, mas em dimensões diferentes. Esse é o fundamento por trás do conceito do Bloco Universal, defendido pelo professor associado de filosofia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Bradford Skow. Em seu livro Objective Becoming, Skow detalha essa visão, que defende que tempo deve ser considerado como uma dimensão do espaço-tempo, como sustenta a teoria da relatividade. Dessa maneira, ele não “passa”, mas faz parte do tecido maior do universo – ao invés de ser algo que se move dentro dele. “A teoria do universo em bloco diz que você se espalha pelo tempo, da mesma maneira como se espalha no espaço”, explica Skow. “Não estamos localizados em um único momento”. Ou seja, eventos ocorrem, pessoas envelhecem e assim por diante. “As coisas mudam”, afirma o professor de filosofia. Mas o passado não “desaparece”, ele simplesmente existe em diferentes partes do espaço-tempo.

            Esse pensamento possui uma base na teoria do espaço e do tempo unificados, proposta por Albert Einstein em 1915. Em sua teoria geral da relatividade, o físico alemão propôs que o espaço-tempo toma forma de maneira múltipla ou contínua, que podem ser visualizados como um espaço vetorial quadridimensional (seja lá o que vem a ser isso, rsss). “A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”, afirmou Einstein na época. No livro, Skow considera diversas explicações alternativas para como o tempo se comporta, mas se diz mais impressionado com a teoria dos Holofotes em Movimento, que coloca passado e o futuro em pé de igualdade com o presente. No entanto, a teoria sustenta que apenas um momento de cada vez está absolutamente presente, e esse momento continua mudando, como se um holofote estivesse se movendo sobre ela. As experiências acontecidas há um ou dez anos ainda são igualmente reais, afirma Skow; elas são apenas “inacessíveis” porque agora se está em uma parte diferente do espaço-tempo (o que inviabiliza, infelizmente, viagens no tempo) (ou será felizmente?).

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