Por Heitor Jorge Lau
Empresário e Mestrando em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos
Humanos
Bacharel
em Comunicação
Social – Relações Públicas
O mundo contemporâneo atingiu um dinamismo antes
nunca percebido, provocando mudanças de hábitos e convertendo identidades, até
então ditas como ideais, em “identidades ultrapassadas”. O homem moderno
tornou-se um indivíduo fragmentado, multifacetado. Esta nova ótica retirou de
todo cidadão a estabilidade do ser e agir conforme paradigmas instituídos e
aceitos como únicos, acertados e perpétuos. Portanto, o homem-família, o
homem-social, o homem-trabalho, acaba sentindo despreparo e desconforto por ter
que administrar simultaneamente um cabedal de perfis e personalidades de grupos
heterogêneos. Naquilo que concerne às relações de trabalho, que é o foco
principal deste texto, o novo paradigma das interrelações pessoais é
infinitamente mais delicado e compassivo. A questão é: como lidar com tanta
diversidade cultural, intelectual e social ao mesmo tempo, e sob intensa e
constante pressão? Neste cenário extremamente diversificado o profissional de coaching desenvolve um verdadeiro e
difícil “trabalho de arte”. Justamente porque o seu papel está na façanha de
influenciar o coachee sem apresentar
soluções prontas sejam elas práticas ou teóricas, sem subjugar. A influência
deve ser sutil, porém, alicerçada por conhecimento prático-teórico suficientes
para motivar a busca por novos saberes e soluções. É importante ressaltar que,
quando a necessidade presencial do profissional de coaching é reconhecida pelo próprio coachee a mecânica de todo processo flui de forma mais espontânea.
No entanto, quando percebida por alguém de grau mais elevado na escala
hierárquica do coachee, a relutância
é natural e provável, afinal, “outro” estará apontando uma carência talvez não
admitida. Diante do exposto é notório o fato de que o maior entrave nas
relações coach versus coachee não ancora nos problemas propriamente ditos, mas
sim, no administrar o subjetivo. E, é relevante evidenciar que o subjetivo é
tempero indissociável da pluralidade de interpretações. Cada coachee traz consigo uma personalidade
construída por diferentes pessoas e ambientes pelos quais manteve contato por
sua vida, e isto, não está registrado em algum diário ou manual operacional.
Todo seu conhecimento prático-teórico também. Este capital intangível possui um
valor inquestionável para aquele que o detém e resume-se, na maioria das vezes,
em sinônimo de algo intransferível e imutável.
Esta imutabilidade, muitas vezes inconsciente, é que determina radicalmente a
resistência contra as modificações das bases de valores pessoais. O ser humano
ressente-se em abrir mão de tudo que lhe custou tempo e dinheiro. Por isso, e acima
de tudo, o coach precisa deter a
prática das relações interpessoais e conhecer tudo que for possível sobre as
variáveis que moldam e conduzem o comportamento humano. O homem é um ser
cognitivo inato e permanecerá num sistema organizacional recheado de
complexidades por grande parte de sua vida, ora sendo influenciado, ora
influenciando, ou seja, ele será produto e produtor do meio que vive. O ser
humano visto como peça fundamental de todo e qualquer sistema de produção,
precisa adequar suas características pessoais, especificamente suas
potencialidades e limitações. O profissional de coaching terá a incumbência árdua de buscar compreender o
incompreendido pelo coachee, e de
fazê-lo expressar o compreendido, porém não expresso. Assim, cabe à relação coach x coachee identificar e ajustar modelos que influenciam diretamente
aspectos psicológicos e sociais decorrentes das relações de trabalho. Portanto,
o processo de coaching, além de
reformular e corrigir práticas e relações de trabalho, sejam elas pessoais ou
operacionais, resulta em acréscimo de conhecimentos multidisciplinares a todos
os envolvidos.
Referências:
ARAÚJO, A. Coach. Um Parceiro para o seu Sucesso. São
Paulo: Gente, 1999.
CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1980.
KRAUSZ, R.R. Coaching Executivo: A conquista da Liderança. São Paulo: Nobel,
2007.
SIMÕES, J.J. Psicologia e Dinâmica da Vida em Grupo. São Paulo: Loyola, 1980.
SOUZA, P. R. M de. A Nova Visão do Coaching na Gestão por
Competências: A
Integração da Estratégia. São Paulo: Qualitymark, 2007.
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