terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

 


Mudança ou Dor

Todos nós já tentamos, ocasionalmente, mudar maneiras de pensar. Sim? Não? Quando foi a última vez que tentou parar de pensar em uma coisa ou desistir de um hábito, mudar um sentimento desagradável? Seja a falta de motivação, o mau humor, a sensação de isolamento ou apenas o desejo de mais sucesso, uma vez ou outra todos nós já desejamos ser diferentes. Todos nós já desejamos loucamente mudar. Você pode até mesmo ter decidido conscientemente a mudar, sustentado isso por escrito e contando para alguns amigos. Você selecionou livros sobre o assunto e tenha até ingressado em um grupo de estudos. Poucos meses depois, os livros ficaram pela metade, o grupo de estudo esquecido e abandonado, e seus amigos, se eram realmente amigos, foram gentis o bastante para não falar mais na questão. Se a sua experiência foi um pouco parecida com isso, apesar de suas boas intenções e do desejo de se tornar diferente, você viu que ainda estava “amarrado” aos seus antigos (e grudentos) hábitos. Ou talvez você tenha se saído brilhantemente, tendo até mesmo realizado as metas propostas.

Então, você observou horrorizado que tudo estava inexoravelmente voltando a ser como era antes (novamente). Quando se trata de perder peso ou mudar comportamento, por exemplo, a mudança é bem mais complicada do que parece ser. E para piorar ainda mais as coisas, quanto maior o esforço e a dedicação dedicada com vistas a transformação, mais enganosa e frustrante ela se torna. Triste assim! Uma parte da mente percebe que isto está em total desigualdade com o mundo em que vivemos. Afinal de contas, as mudanças estão ocorrendo à nossa volta a uma velocidade incrível. Observamos produtos novos tornando obsoletos os antigos cada vez mais rápidos. Os filhos brincam com “joguinhos” que mal chegamos a compreender. Descobrimos que precisamos de mais treinamento para fazer o mesmo trabalho para o qual já havíamos treinado. Ouvimos falar que a mudança é a única constante na vida, que ela está em toda a parte. Percebemos isso e acreditamos... até que tentamos mudar a nós mesmos. Começamos, então, a nos perguntar: o que está acontecendo? Somos nós? O que desejamos mudar é assim tão difícil?

Se parar por um momento e olhar a sua vida de uma perspectiva ligeiramente diferente, verá que você está sempre mudando – querendo ou não, percebendo ou não. Afinal, você começou sendo um bebê, pesando apenas alguns quilos. Cresceu e depois se transformou em um adolescente e agora é um adulto. Sua aparência física, óbvia ou sutilmente, vem mudando a cada ano, quer goste disso ou não. Você costumava gostar de doces e outras guloseimas... ou brinquedos... ou qualquer outra coisa mais do que tudo no mundo e, mesmo que ainda goste de tudo isso, outras coisas que nunca imaginou que apreciaria se tornaram bem mais importantes. Com o passar dos anos, de bicicletas e embalos de sexta-feira à noite, seus interesses mudaram. Mesmo recentemente, há coisas que você mudou com facilidade, por vezes, sem perceber. Foi em uma dessas épocas em que você nem se preocupava com isso. Era quase como, simplesmente, deixou de comer uma determinada comida ou de usar um certo estilo de roupa. Ou talvez tenha desenvolvido um novo interesse ou hobby. Você nem pensou nisso! Mas, aconteceu! Foi preciso que os amigos lhe mostrassem a mudança. “Ah, sim”, você disse, eu mudei de ideia”. Qualquer método realmente eficaz de mudança terá que explicar por que, às vezes, é tão difícil mudar e por que, as vezes, é tão absolutamente fácil fazer isso. Se você pensar bem, uma mudança não leva muito tempo. Ela acontece em um instante.

Talvez você ficasse nervoso diante de muitas pessoas e, um belo dia, acorda e percebe que não fica mais. Durante anos você se sentou em frente de uma televisão e, repentinamente, resolve sair para dar uma caminhada ou praticar um esporte. Você achou tempo para voltar a estudar ou fez um esforço maior para conseguir aquela promoção. Você pode ter passado algumas semanas, meses ou até anos se preocupando com isso. De repente, percebe que as coisas mudaram. Se você sabe fazer uma coisa, isso deveria ser fácil. Vendo as coisas assim, é quase uma perversidade humana que nos incentivem a medir a importância de uma mudança pessoal pelo volume de dificuldades, sofrimentos ou tempo exigido. É um exemplo de “sem esforço nada se ganha”. É como se tudo o que fosse sofrimento na vida representasse progresso e, logo, nós o estaríamos buscando, em vez de evitá-lo. Se as longas lutas e sofrimentos fossem o caminho real para o sucesso, estaríamos todos indo a pé para o trabalho e ainda estaríamos escrevendo com lápis e enviando a correspondência a cavalo.

A dor é um sinal de que é hora de mudar. Se as nossas mãos tocam uma superfície escaldante, nós as retiramos. A dor é um indício claro de que estamos usando a abordagem errada. Ela nos diz que é hora de fazer alguma coisa diferente. Lutar muito tempo sem ter sucesso é sinal de que o que estamos fazendo não está funcionando. Alô! Acorda! É hora de fazer outra coisa, qualquer coisa... de forma diferente, talvez. É hora de perceber que a dor, a luta, o sofrimento e a espera são sinais de que está na hora de mudar de abordagem. São suplementos opcionais ao processo de mudança que podemos facilmente abandonar.

 




 


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