Mudança ou Dor
Todos
nós já tentamos, ocasionalmente, mudar maneiras de pensar. Sim? Não? Quando foi
a última vez que tentou parar de pensar em uma coisa ou desistir de um hábito,
mudar um sentimento desagradável? Seja a falta de motivação, o mau humor, a
sensação de isolamento ou apenas o desejo de mais sucesso, uma vez ou outra
todos nós já desejamos ser diferentes. Todos nós já desejamos loucamente mudar.
Você pode até mesmo ter decidido conscientemente a mudar, sustentado isso por
escrito e contando para alguns amigos. Você selecionou livros sobre o assunto e
tenha até ingressado em um grupo de estudos. Poucos meses depois, os livros
ficaram pela metade, o grupo de estudo esquecido e abandonado, e seus amigos,
se eram realmente amigos, foram gentis o bastante para não falar mais na
questão. Se a sua experiência foi um pouco parecida com isso, apesar de suas
boas intenções e do desejo de se tornar diferente, você viu que ainda estava “amarrado”
aos seus antigos (e grudentos) hábitos. Ou talvez você tenha se saído
brilhantemente, tendo até mesmo realizado as metas propostas.
Então,
você observou horrorizado que tudo estava inexoravelmente voltando a ser como
era antes (novamente). Quando se trata de perder peso ou mudar comportamento,
por exemplo, a mudança é bem mais complicada do que parece ser. E para piorar ainda
mais as coisas, quanto maior o esforço e a dedicação dedicada com vistas a transformação,
mais enganosa e frustrante ela se torna. Triste assim! Uma parte da mente percebe
que isto está em total desigualdade com o mundo em que vivemos. Afinal de
contas, as mudanças estão ocorrendo à nossa volta a uma velocidade incrível. Observamos
produtos novos tornando obsoletos os antigos cada vez mais rápidos. Os filhos
brincam com “joguinhos” que mal chegamos a compreender. Descobrimos que
precisamos de mais treinamento para fazer o mesmo trabalho para o qual já havíamos
treinado. Ouvimos falar que a mudança é a única constante na vida, que ela está
em toda a parte. Percebemos isso e acreditamos... até que tentamos mudar a nós
mesmos. Começamos, então, a nos perguntar: o que está acontecendo? Somos nós? O
que desejamos mudar é assim tão difícil?
Se
parar por um momento e olhar a sua vida de uma perspectiva ligeiramente
diferente, verá que você está sempre mudando – querendo ou não, percebendo ou
não. Afinal, você começou sendo um bebê, pesando apenas alguns quilos. Cresceu
e depois se transformou em um adolescente e agora é um adulto. Sua aparência física,
óbvia ou sutilmente, vem mudando a cada ano, quer goste disso ou não. Você costumava
gostar de doces e outras guloseimas... ou brinquedos... ou qualquer outra coisa
mais do que tudo no mundo e, mesmo que ainda goste de tudo isso, outras coisas
que nunca imaginou que apreciaria se tornaram bem mais importantes. Com o
passar dos anos, de bicicletas e embalos de sexta-feira à noite, seus
interesses mudaram. Mesmo recentemente, há coisas que você mudou com
facilidade, por vezes, sem perceber. Foi em uma dessas épocas em que você nem
se preocupava com isso. Era quase como, simplesmente, deixou de comer uma
determinada comida ou de usar um certo estilo de roupa. Ou talvez tenha
desenvolvido um novo interesse ou hobby. Você nem pensou nisso! Mas, aconteceu!
Foi preciso que os amigos lhe mostrassem a mudança. “Ah, sim”, você disse, eu mudei
de ideia”. Qualquer método realmente eficaz de mudança terá que explicar por
que, às vezes, é tão difícil mudar e por que, as vezes, é tão absolutamente fácil
fazer isso. Se você pensar bem, uma mudança não leva muito tempo. Ela acontece
em um instante.
Talvez
você ficasse nervoso diante de muitas pessoas e, um belo dia, acorda e percebe
que não fica mais. Durante anos você se sentou em frente de uma televisão e, repentinamente,
resolve sair para dar uma caminhada ou praticar um esporte. Você achou tempo
para voltar a estudar ou fez um esforço maior para conseguir aquela promoção. Você
pode ter passado algumas semanas, meses ou até anos se preocupando com isso. De
repente, percebe que as coisas mudaram. Se você sabe fazer uma coisa, isso
deveria ser fácil. Vendo as coisas assim, é quase uma perversidade humana que
nos incentivem a medir a importância de uma mudança pessoal pelo volume de dificuldades,
sofrimentos ou tempo exigido. É um exemplo de “sem esforço nada se ganha”. É como
se tudo o que fosse sofrimento na vida representasse progresso e, logo, nós o estaríamos
buscando, em vez de evitá-lo. Se as longas lutas e sofrimentos fossem o
caminho real para o sucesso, estaríamos todos indo a pé para o trabalho e ainda
estaríamos escrevendo com lápis e enviando a correspondência a cavalo.
A
dor é um sinal de que é hora de mudar. Se as nossas mãos tocam
uma superfície escaldante, nós as retiramos. A dor é um indício claro de que
estamos usando a abordagem errada. Ela nos diz que é hora de fazer alguma
coisa diferente. Lutar muito tempo sem ter sucesso é sinal de que o que
estamos fazendo não está funcionando. Alô! Acorda! É hora de fazer outra coisa,
qualquer coisa... de forma diferente, talvez. É hora de perceber que a dor, a
luta, o sofrimento e a espera são sinais de que está na hora de mudar de
abordagem. São suplementos opcionais ao processo de mudança que podemos
facilmente abandonar.
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