sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O SEGREDO DE UM AMOR PROIBIDO




Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas
Mestrando em Educação

              Resenha do livro O Pintor que escrevia

           WIERZCHOWSKI, Leticia. O pintor que escrevia: amor e pecado. 1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. 142p. 14 x 21 cm.

Leticia Wierzchowski é gaúcha e vive na cidade de Porto Alegre. Escritora desde 1997, a obra O pintor que escrevia é seu sexto livro. Ela compôs o romance A casa das sete mulheres cujo livro obteve tamanho sucesso que foi adaptado pela Rede Globo para uma minissérie de televisão. Graças ao excelente trabalho realizado, a autora conquistou prestigio e foi considerada uma grande revelação dos últimos anos no meio literário nacional.

O romance resenhado faz parte da coleção Amores Extremos que reúne composições de escritoras da literatura brasileira. Através do vidro, de Heloisa Seixas; Obsceno abandono, de Marilene Felinto; Para sempre, de Ana Maria Machado; Recados da lua, de Helena Jobim e Solo feminino, de Lívia Garcia-Roza também fazem parte da coletânea. São contextualizações de cenários recheados de amor, de paixão, de desejo e romantismo.

A narrativa, O pintor que escrevia, conta a história do pintor italiano, Marco Belluci, que encontrou guarida no Brasil no decorrer da Segunda Grande Guerra. Ele, inexplicavelmente, suicidou-se, deixando vários quadros encaixotados, sendo descobertos somente duas décadas após sua morte por um conhecido marchand, durante uma avaliação de suas pinturas. Surpreendentemente, atrás de cada tela foram encontrados textos redigidos pelo artista que revelavam um amor proibido.

     A história configura-se em uma pequena localidade da Serra Gaúcha, na década de cinqüenta, minuciosamente retratada pela escritora através da descrição de cenários, representados por sensações, por cores, por ruídos e até mesmo por aromas, expressões difíceis de causar a impressão de realidade. Tudo isso contado por orações curtas, sem expressões rebuscadas.

          O romance recheado de mistério do início ao fim, tem como protagonistas o pintor Marco Belucci e sua esposa Amapola, ambos naturais da Itália. Como coadjuvante aparece a genitora dela, Antônia Maestro, proprietária das terras onde os acontecimentos se sucedem. Todos fugidos da pátria mãe antes do começo do conflito que assolou a Europa e que repercutiu no restante do mundo.

        O artista era loucamente apaixonado pela esposa, Amapola, e manifestava tal sentimento em alguns quadros cujas pinceladas eram inspiradas por um amor inimaginável e que jamais alguém vira igual. Porém, por trás daquelas telas cheias de cor e vida existia algo mais do que apenas imagens coloridas por mãos talentosas, engendradas por uma mente brilhante e eternamente enamorada.

Apesar de todo talento e brilhantismo, Belucci era considerado um homem estranho e retraído, características que alguns atribuíam ao fato dele ter abandonado sua família às barbáries da guerra ao rumar para o Brasil. Ele transformou suas obras no repositório dos seus segredos e pecados. E foi neste começo de mistério e encantamento que este protagonista comete, misteriosamente, o suicídio.

          Aconteceu numa primavera. Enquanto sua amada ainda repousava no seu leito de amor, o apaixonado e devotado Marco Belucci, aos quarenta anos de idade, jogou-se pela janela de seu ateliê, esparramando-se sobre um canteiro de margaridas do jardim cuidadosamente ornamentado. A cena, tão surpreendente quanto assustadora, faz Amapola cair em desgraça pelo episódio macabro que acabara de vivenciar.

Por opção, a viúva decidiu partir deixando para trás todas as pinturas que o finado havia feito ao longo dos anos, pois elas a lembravam de momentos felizes que vivera ao lado dele. Resolvera embalá-las, com as técnicas que aprendera com o especialista, e deixá-las no seu recanto que por vários anos serviu de estúdio. E todos os quadros permaneceram lá, quietos, intocados, livres dos olhares da humanidade.

            Transcorridos vinte longos anos, Augusto Seara, marchand conhecidíssimo em São Paulo, é chamado para catalogar as obras de Belucci, mais de quarenta. Lisonjeado por ter sido designado para inventariar as obras que o mundo jamais vira o perito acompanhado de seu auxiliar, Zeca, rumou em direção à propriedade que durante duas décadas alojou, silenciosamente, os quadros do pintor. Mal sabiam eles sobre a surpresa que lhes aguardava.

E após longa viagem de São Paulo até ao sul do País, foram gentilmente recebidos por Ana, antiga empregada da família, e seu marido, remanescentes do local, incumbidos de resguardar e preservar a decrépita propriedade. Após uma noite de descanso, o dia seguinte foi dedicado à limpeza do sótão no qual Belucci trabalhara anos afins, afinal, depois de tanto tempo a poeira reinava soberana no ambiente, mesmo porque naquele local jamais alguém pisara depois do incidente fatídico.

          Seara escolhera um quadro, limpou-o, apontou as proporções da moldura e da tela, observou texturas e cores, e ao visualizar a parte posterior da pintura, uma exclamação pairou pelo ar: “Um pintor que escrevia – gemeu Augusto – emocionado. – A tela era a sua página.” (pg. 47). Foi neste momento que o marchand encontrou um texto sob o quadro, redigido na língua mãe do autor, o primeiro de uma série.

Seara sabia ler fluentemente italiano porque fora o idioma no qual havia sido alfabetizado. No primeiro quadro que ele examinou encontrou no verso a narrativa da época e o momento em que o pintor havia visto sua futura esposa, Amapola, pela primeira vez. Perplexo e entusiasmado pela descoberta, não via a hora de averiguar as demais obras, pois tinha a sensação de que encontraria mais inscrições.

Um estranho diário secreto, que até então somente Belucci tinha conhecimento, tinha finalmente sido descoberto. Os quadros seguintes revelavam certa aflição e sofrimento, deixando o marchand confuso por não compreender a angústia do pintor ao relembrar através das palavras redigidas, o seu amor por Amapola. Por que um amor tão intenso e verdadeiro causava simultaneamente prazer e sofrimento?

A cada nova descoberta Seara envolvia-se mais e mais com tudo aquilo, a ponto do seu imaginário sofrer influência das palavras e sentimentos expressos em cada linha escrita. havia uma pergunta que continuava sem resposta e fazia latejar sua a mente de tanta curiosidade: por que sofrer exacerbadamente possuindo uma esposa tão bela e apaixonada? A procura pela resposta tinha se tornado obsessão.

Foi neste mar de tormentos que o caseiro, esposo de Ana, sofreu um enfarte fulminante e veio a falecer. Desgraça para a empregada, oportunidade para Seara. Ela carregava consigo um molho de chaves e uma delas, muito antiga, chamava atenção do personagem obcecado por respostas. Havia uma sala na residência com a porta constantemente trancafiada e uma daquelas poderia ser da fechadura que daria acesso às informações que elucidariam o mistério.
Talvez ali estivessem as explicações para o segredo que rodeava aquela história de amor. E foi no momento de descuido e sofrimento da viúva, que Seara decidiu tomar-lhe “emprestada” a chave. Era uma oportunidade arriscada, porém, única e momentânea, que foi acertadamente aproveitada, porque naquela peça da casa estava o desfecho do mistério que tanto importunou o marchand, Augusto Seara.

Contudo, o enigma que perseguiu o especialista durante toda a sua estada na residência de Antônia Maestro continuará ao final desta resenha, pois a curiosidade que o instigou, e que estimulou esse resenhista, certamente irá excitar o leitor desta resenha a deleitar-se com a obra original. E nada mais justo do que reservar a maior surpresa, o grande finale, a quem dedicar-se a apreciar o livro O pintor que escrevia.

Leticia Wierzchowski conduz sua obra com muita concisão e simplicidade, alternando o emprego da linguagem narrativa e descritiva. Os diálogos são utilizados sutilmente e a estrutura alinear do texto a transforma em uma verdadeira viagem pelo tempo e espaço. Assim, ela consegue conduzir o leitor para dentro do cenário imaginário devido à minúcia dos detalhes, tornando a história mais realista.

Porém, o que faz a leitura mais instigante é a forma como o interesse pelo alheio é aguçado. O misterioso amor proibido, inserido no contexto, é o ingrediente essencial porque lida diretamente com o sentimento mais saliente do ser humano: a curiosidade. Detalhes de um diário secreto, estranhamente constituídos no verso de quarenta obras de arte, há vinte anos, já seriam suficientemente estimulantes.

É justamente esta sensibilidade que torna Augusto Seara um personagem muito importante porque demonstra nitidamente a determinação pela busca de respostas a partir de um interesse perseverante. Ele também manifesta uma mensagem de valor muito valiosa ao descobrir o segredo do pintor: integridade e ética. Sua descoberta é mantida em segredo, não revelada sequer ao seu auxiliar.

Trata-se de um excelente romance. Congrega sentimentos de amor verdadeiro, de amor sem limites; expõe manifestações de confiança e obstinação; expressa valores morais e imorais. É uma obra literária que revela a qualidade e a capacidade dos escritores brasileiros de produzir excelentes conteúdos. Qualifica o meio literário nacional e amplia os conhecimentos intelectuais e culturais daquele que a lê. Portanto, é um livro a ser recomendado por sua forma e teor.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

METODOLOGIA E TÉCNICAS DE PESQUISA EM RELAÇÕES PÚBLICAS

Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas
Mestrando em Educação 

            Pesquisar, sempre tem por objetivo, investigar algum aspecto do cotidiano a fim de propiciar um posicionamento frente a ele. Mas como ter certeza de qual desses pontos de vista são, de fato, verdadeiros? Quando este fenômeno ocorre, o pesquisador ao questionar sobre o conhecimento adquirido, está lidando com um problema: o da verdade. Aliás, a história da busca do conhecimento é nada mais do que a história da busca pela verdade, mesmo que ela não seja absoluta.

            Assim, o conhecimento é a relação instituída entre o pesquisador e o contexto investigado. Com esta relação estabelecida não há como negar que sempre existirão dois componentes: o sujeito que ânsia ou precisa conhecer, e o contexto a ser investigado, face-a-face, inseridos na mesma situação. Nessa interpretação, é aceitável definir o conhecimento como produto dessa relação, um produto que possui valor imenso porque pode ser difundido.

Toro (2005, p. 96) certifica a importância do conhecimento adquirido e disseminado através da pesquisa ao afirmar que,
quando o saber está incorporado nas pessoas, é necessário ir até elas para usufruir dele, compartilhar seu tempo e seu espaço. Se uma pessoa não transfere seu saber a outras pessoas ou não coloca em um objeto (livros, notas, textos, gravações etc.), ele se perde para a sociedade.
           
            Normalmente o questionário é reconhecido como instrumento de pesquisa avaliativa ideal por se configurar como um dispositivo que segue normas e padrões. Este perfil permite mensurar, considerar, catalogar e formular juízos de valor a respeito de pessoas, processos e objetos. Trata-se de um conjunto de procedimentos técnicos e sistemáticos que denotam os níveis de desempenho em relação às metas e objetivos pré-estabelecidos. As outras modalidades de pesquisa são tão interessantes e importantes quanto esta, porém, fundamental é conhecer e optar pela melhor alternativa segundo o contexto a ser investigado, senão as informações obtidas não serão concernentes e pertinentes. Desta forma, partindo da premissa que todo trabalho possui objetivos claros e dignos, ignorar tais aspectos resulta inevitavelmente em re-trabalho.

Esta é a principal tarefa que devem realizar em conjunto os que encomendam o trabalho e a equipe técnica. A delimitação conceitual consiste em estabelecer, de maneira mais precisa possível, quais são os alcances e os propósitos da avaliação e quais são os componentes ou aspectos que serão avaliados. Não se trata de uma formulação acabada, mas de uma proposta mais completa possível. (CANO, 2006, p. 90)

A escolha pelo emprego do questionário requer a determinação do tipo de perguntas que irão compô-lo: questões fechadas, abertas ou mistas. O fator preponderante no momento da escolha deve necessariamente considerar as vantagens e desvantagens de cada modalidade. Contudo a escolha por uma não desmerece ou descarta outra, sendo que comumente os questionários são constituídos por mais de um feitio.

Nas questões fechadas – ou de múltipla escolha -, cada pergunta deve conter o máximo de respostas possíveis a ponto de esgotar qualquer possibilidade existente fora do contexto analisado. Uma dedicação especial a fim de incompatibilizar as alternativas disponíveis também é necessária, ou seja, uma resposta não pode ser conciliável com outra.

As perguntas fechadas, ao apresentar uma lista de opções de respostas, prestam-se melhor à comparação entre as respostas dos entrevistados. Caso este não compreenda de imediato a pergunta, a seleção de respostas apresentadas pode colaborar para o seu entendimento. Elas permitem, também, a pré-codificação, facilitando a digitação das respostas na base de dados. (NOVELLI, 2005, p. 173)

Na múltipla escolha, como a própria denominação expressa, o respondente pode selecionar diversas respostas ou arranjá-las de acordo com sua interpretação pessoal, que consiste em predileção e significância. Isto não quer dizer que o respondente não possa deliberadamente optar apenas por uma.

            No quadro abaixo se apresentam as vantagens e desvantagens das questões fechadas.
Quadro 1 – vantagens e desvantagens das questões fechadas

VANTAGENS
DESVANTAGENS
Apresentam facilidade e rapidez no ato de responder.
Exige muito cuidado e tempo de preparação para garantir que todas as opções de respostas sejam oferecidas.
Apresentam pouca possibilidade de erros.
O respondente pode ser influenciado pelas alternativas apresentadas.
São altamente objetivas.
Se alguma alternativa importante não foi previamente incluída, fortes vieses podem ocorrer.
São de fácil aplicação, processamento e análise.
Por vezes a informação das respostas é reducionista, conduzindo a conclusões simples demais.
Permitem análise de dados de maneira sofisticada.
Às vezes requerem conhecimentos e equipamentos de informática para análise nem sempre disponíveis.

Fonte: SOUZA, Edinilsa Ramos et al. Construção dos instrumentos qualitativos e quantitativos. In: MINAYO, Maria Cecília Souza; ASSIS, Simone Gonçalves; SOUZA, Edinilsa Ramos (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 146.

As questões abertas são facilmente percebíveis por não portarem lista de alternativas. Por este motivo, o respondente tem a liberdade de constituir a resposta que lhe parecer a mais apropriada com suas próprias palavras. Apesar de propiciar independência a quem responde o questionário, esta modalidade é utilizada com determinada cautela por ser de difícil interpretação.

            No quadro abaixo se apresentam as vantagens e desvantagens das questões abertas.
Quadro 2 – vantagens e desvantagens das questões abertas

VANTAGENS
DESVANTAGENS
Exigem menor tempo de elaboração.
Quando aplicadas em forma de entrevistas, podem levar a vieses dos entrevistadores.
Cobrem pontos além das questões fechadas.
São mais trabalhosas para responder.
Podem dar mais informação, proporcionando comentários, explicações e esclarecimentos significativos para se interpretar e analisar as respostas.
Dão margem à parcialidade do entrevistador na compilação das respostas.
Evita-se o perigo do pesquisador deixar de relacionar alguma alternativa significativa no rol de opções.
Apresentam dificuldade para codificação, pois, possibilitam interpretação subjetiva de cada decodificador.
Por vezes possibilitam o surgimento de informação inesperada.
São menos objetivas para se aferir magnitude, já que o respondente pode divagar e até mesmo fugir do assunto.
Têm menor poder de influência nos respondentes do que as perguntas com alternativas previamente estabelecidas.
São mais onerosas e mais demoradas para serem analisadas.

Fonte: SOUZA, Edinilsa Ramos et al. Construção dos instrumentos qualitativos e quantitativos. In: MINAYO, Maria Cecília Souza; ASSIS, Simone Gonçalves; SOUZA, Edinilsa Ramos (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 147.

Segundo Novelli (2005, p. 172)
as questões abertas possibilitam conhecer de forma mais profunda e espontânea a opinião do entrevistado sobre o assunto abordado, permitindo variedade maior de respostas. No entanto, perguntas abertas devem ser usadas com muita cautela nos questionários. É freqüente a obtenção de respostas irrelevantes ou repetidas neste tipo de pergunta, pois sua eficácia depende muito da capacidade comunicativa do entrevistado, que pode não saber expressar exatamente qual sua opinião sobre o tema.

Quando o profissional que formula uma pergunta fechada, não consegue por qualquer motivo, exaurir todo repertório de alternativas possíveis e incompatíveis, surge a necessidade da questão mista. Usualmente observada na última opção, imediatamente após uma seqüência de respostas pré-definidas. Por exemplo: “Outra alternativa. Qual?”. A vantagem sobre as outras modalidades está justamente na possibilidade de fornecer uma alternativa não engendrada.

Não basta escolher o melhor instrumento e compô-lo, é significante decidir também, como será aplicado. Ele pode ser operacionalizado através de entrevista ou por autopreenchimento. Pode parecer reles tal observação, mas comprovadamente, o teor das respostas pode sofrer influência do ânimo do respondente na hora de preencher o questionário.

A partir de análises e considerações sobre as metas da pesquisa, os prazos de aplicação e o custo, pode-se escolher entre a aplicação da entrevista pessoal, por telefone ou correio, com algumas variações possíveis. Cada um desses métodos possui características próprias com vantagens e desvantagens. A partir da análise e da seleção da técnica que mais se adapta à pesquisa proposta, é preciso potencializar os aspectos positivos de cada método e tentar neutralizar os efeitos negativos. (NOVELLI, 2005, p. 165)

Na primeira modalidade o pesquisador perfaz o questionário conforme vai formulando as perguntas e o contato entre ele e o respondente é pessoal e direto. Apesar de a regra ditar que deve existir mínima ou nenhuma interferência do investigador, neste caso quem o estiver aplicando pode elucidar qualquer dúvida com relação a perguntas não entendidas.
Assis, Minayo e Souza (2005) apontam como principal desvantagem o tempo consumido neste processo, muito elevado. Um bom profissional deve estar preparado para dirigir e guiar o trocadilho de perguntas e respostas, porém, eventuais desvios de rumo são quase inevitáveis. Tais fugas são caracterizadas por comentários a respeito do assunto em questão ou amenidades, típicas de um bate-papo.

A segunda modalidade pode ser conduzida pelo profissional investigador ou não. Quando acompanhada, a prática recomenda a reunião de um pequeno grupo de respondentes em local apropriado, a fim de solucionar qualquer problema ou esclarecer dúvidas. Ao contrário da primeira forma – entrevista – esta abrevia o tempo empregado. A dificuldade está em conciliar várias pessoas em um único momento e lugar.

            No quadro abaixo se apresentam os aspectos positivos e negativos da coleta de dados por entrevista pessoal.
Quadro 3 - Técnica de coleta de dados

Técnica de coleta de dados
Aspectos positivos
Aspectos negativos
Entrevista pessoal
- possibilidade de explicação de perguntas complexas e uso de recursos visuais para auxiliar a resposta, como gráficos ou fotos.
- maior cooperação do entrevistado devido a procedimentos de aproximação e obtenção de respostas por escrito, caso a pergunta seja delicada.
- alcance de amostras que estão inacessíveis por outros métodos, como, por exemplo, com moradores de rua.
- possibilidade de aplicar entrevistas mais longas.
- segurança de que as instruções de preenchimento do questionário serão observadas.
- índice elevado de respostas, pois é difícil que a entrevista seja interrompida antes de ter chegado ao final.
- o custo das entrevistas pessoais é o mais alto dentre todos os métodos.
- o tempo de aplicação em campo pode ser grande se comparado ao telefone.
- o entrevistador pode introduzir algum viés na entrevista, mesmo sem querer. Pode demonstrar qualquer reação ao invés de se manter neutro diante das respostas.
- a infra-estrutura para aplicação dos questionários é maior, pois se devem prever o treinamento dos entrevistados, o seu deslocamento até as áreas selecionadas, o possível uso de supervisores, dentre outras medidas.
NOVELLI, Ana Lucia Romero. Pesquisa de opinião. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 164.

Aparentemente as pessoas não gostam de responder a perguntas de questionários de pesquisa. Por isto a justificativa e os objetivos do trabalho necessariamente precisam estar presentes em uma folha de rosto do questionário. Este pormenor influi na análise decisória do respondente em colaborar ou não com o processo. Os esclarecimentos iniciais são cruciais para a continuidade do trabalho.

Mas um cuidado todo especial deve ser observado. A identificação do respondente não deve ser solicitada salvo quando tal dado for indispensável. Comumente ela é requerida conjuntamente com endereço, telefone e e-mail, com o objetivo de proporcionar feedback[1] relacionado aos resultados finais obtidos na investigação. É recomendada muita cautela por se tratar de opção intimidadora.

O questionário deve ser apresentado ao entrevistado com um texto introdutório, que deve variar de acordo com o tipo de método de coleta selecionado [...]. A introdução é importante, pois esclarece ao entrevistado quais são os propósitos da pesquisa e busca sua cooperação nas respostas. Algumas informações devem fazer parte do texto, como a indicação [...] de que as respostas são confidenciais e anônimas. (NOVELLI, 2005, p. 169)

E mesmo que não ocorra a solicitação da identificação, o comprometimento com o anonimato deve estar nitidamente formalizado na folha de rosto. Isto serve para salientar que os dados coletados serão trabalhados em caráter confidencial. O sigilo é essencial para obtenção de respostas de questões que requeiram opiniões sinceras. A inobservância deste detalhe acarreta sérios prejuízos à pesquisa.

A aplicação de qualquer questionário é precedida por um procedimento técnico denominado pré-teste. Esta etapa é fundamental para validar todo o conteúdo do instrumento de avaliação desde as perguntas a disposição delas. Também designada de consistência interna, ela intenta reduzir ao máximo, se possível eliminar, toda e qualquer dúvida relacionada às questões formuladas.

Conforme Souza et al. (2005, p. 153)
o pré-teste é um ensaio geral. Cada parte do procedimento deve ser planejada e implementada exatamente como se prevê para o momento da coleta efetiva dos dados. As instruções devem estar na formulação final e ser obedecidas rigorosamente, buscando-se averiguar sua adequação. Ao questionário, apresentado como se fosse na sua forma definitiva, devem responder pessoas com as mesmas características básicas do público-alvo da pesquisa, preferencialmente, pertencentes ao próprio público-alvo.

O pré-teste denota características incongruentes na estrutura do questionário através de respostas duvidosas ou até mesmo por observações redigidas pelo próprio respondente. Esta etapa deve ser repetida sucessivamente enquanto coexistirem incertezas no questionário. Normalmente as respostas provenientes de questões abertas e mistas podem, na fase de pré-teste, conter explanações fora de contexto ou insensatas.

Munido de dados consistentes, o pesquisador está em condições de sistematizar e constituir um banco de dados. Esta etapa necessariamente consiste na tabulação e digitação. A tabulação ou codificação, ao contrário da digitação, pode ser eletrônica ou manual. Codificar significa agrupar e tornar os dados obtidos perceptíveis aos digitadores de forma a produzir tabelas e gráficos para análise e avaliação.

Segundo Minayo (2005, p. 23) o processo de avaliação “pode ser compreendido como um conjunto de atividades técnico-científicas ou técnico-operacionais que buscam atribuir valor de eficiência, eficácia e efetividade a processos de intervenção em sua implantação, implementação e resultados”. Por isto ele é considerado uma ferramenta sistemática de investigação.

A prática da mensuração exige quatro sensos: utilidade; viabilidade; ética; e precisão técnica. A utilidade parte do princípio que toda avaliação tem serventia enquanto a viabilidade não concerne somente aos aspectos financeiros como também práticos e políticos. A ética deve cerzir a conduta dos avaliadores e respeitar os valores dos beneficiados ao passo que a precisão técnica garante o sucesso de cada etapa.

Do ponto de vista de Minayo (2005, p. 19)
uma boa avaliação visa a reduzir incertezas, a melhorar a efetividade das ações e a propiciar a tomada de decisões relevantes. Guia-se por quatro objetivos: oferecer informações aos beneficiários, à sociedade e ao governo sobre o emprego dos recursos públicos; orientar os investidores sobre os frutos de sua aplicação; responder aos interesses das instituições, de seus gestores e de seus técnicos; buscar sempre uma melhor adequação de suas atividades.

Avaliações fundamentadas pela utilidade, por princípios éticos claros e definidos, e por metodologia técnica apropriada, conduz a resultados ideais para correção de rumos e reorientação de determinadas estratégias. A última característica serve como processo de aprendizagem porque a desconstrução e alinhamento de conceitos induz à procura de novas perspectivas e idéias, provocando assim, uma práxis constante de reflexão.

O exercício da avaliação de resultados é recomendado como etapa constante do planejamento e da gestão ao invés de ser adotada como atividade isolada e eventual. A finalidade desta proposta é estimular uma abordagem dedutiva. Traduzindo, consiste em aliar teoria a observação, a fim de predizer situações e até mesmo provocar hipóteses. Este cenário vislumbra controle, mesmo que parcial, sobre as situações.

Novelli (2005, p. 164) afirma que a pesquisa
tem se mostrado instrumento tão valioso para a sociedade contemporânea, que, muitas vezes, deixa de ser compreendida como técnica de medição de opinião pública para tornar-se a própria expressão desta. Sua aplicação extrapolou os limites do campo político, no qual despontou com maior intensidade, e, hoje, tornou-se método de investigação científica para a maioria dos campos de conhecimento, inclusive para a Comunicação Social

A pesquisa somente obtém resultados satisfatórios quando desenvolvida de forma planejada e aplicada de acordo com a metodologia definida. Por isto, a questão do método é excepcionalmente essencial, na medida em que sua definição afeta diretamente a eficácia dos resultados.

REFERÊNCIAS

CANO, Ignácio. Introdução à avaliação de programas sociais. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. 120 p.
CHIANCA, Thomaz; MARINO, Eduardo; SCHIESARI, Laura. Desenvolvendo a cultura de avaliação em organizações da sociedade civil. São Paulo: Global, 2001. 133 p.
DICIONÁRIO Eletrônico Michaelis. São Paulo: Amigo Mouse Software Ltda, [2004?]. 1 CD-ROM.
DICIONÁRIO Enciclopédico Koogan Larousse. Rio de Janeiro: Enciclopédia Koogan-Larousse-Seleções, 1979. 2 volumes.
EPSTEIN, Isaac. Teoria da informação. 2. ed. São Paulo: Ática, 1988. 77 p.
IANHEZ, João Alberto. Relações Públicas nas organizações. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling (Org.). Obtendo resultados com Relações Públicas: como utilizar adequadamente as relações públicas em benefício das organizações e da sociedade em geral. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 1997. p. 155-162.
LESLY, Philip. Os fundamentos de Relações Públicas e da comunicação. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 1995. 256 p.
LOPES, Valéria de Siqueira Castro. As Relações Públicas como gestor da imagem e a importância da mensuração dos resultados em comunicação corporativa. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, NP 05 – Relações Públicas e Comunicação Organizacional da Intercom. São Paulo: 2005. 15 p.
MARINO, Eduardo. Manual de avaliação de projetos sociais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 110 p.
MINAYO, Maria Cecília Souza. Conceito de avaliação por triangulação de métodos. In: MINAYO, Maria Cecília Souza; ASSIS, Simone Gonçalves; SOUZA, Edinilsa Ramos (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 19-52.
MINAYO, Maria Cecília Souza et al. Métodos, técnicas e relações em triangulação. In: MINAYO, Maria Cecília Souza; ASSIS, Simone Gonçalves; SOUZA, Edinilsa Ramos (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 71-104.
NOVELLI, Ana Lucia Romero. Pesquisa de opinião. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 164-179.
PIROLO, Maria Amélia Miranda; FOCHI, Marcos Alexandre Bazeia. Pesquisa de opinião: o “ver” e o “fazer” do relações públicas. Brasil. Disponível em: <http://www.portal-rp.com.br/  bibliotecavirtual/ relaçoespublicas/ funcoestecnicas/ 0157.html>. Acesso em: 10 abr. 2006.
REZENDE, Denis Alcides. Sistemas de informações organizacionais: guia prático para projetos em cursos de administração, contabilidade e informática. São Paulo: Atlas, 2005. 110 p.
SOUZA, Edinilsa Ramos et al. Construção dos instrumentos qualitativos e quantitativos. In: MINAYO, Maria Cecília Souza; ASSIS, Simone Gonçalves; SOUZA, Edinilsa Ramos (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 133-156.
SOARES, Valéria Deluca. Informação como fonte para a gestão do conhecimento nas organizações. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, NP 05 – Relações Públicas e Comunicação Organizacional da Intercom. São Paulo: 2005. 15 p.
TORO, Jose Bernardo. A construção do público: cidadania, democracia e participação. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2005. 112 p.



[1] Feedback – comentários e informações sobre algo que já foi feito com o objetivo de avaliação. DICIONÁRIO Eletrônico Michaelis. São Paulo: Amigo Mouse Software Ltda, [2004?].

terça-feira, 27 de setembro de 2011

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL versus CONCERTAÇÃO SOCIAL

Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas
Mestrando em Educação 
 
O cenário econômico estabelecido acena um futuro pouco promissor para os cidadãos que se enquadram nos índices de baixa renda, uma vez que o atendimento das demandas sociais, a geração de postos de trabalho e a geração de rendimento encontram-se em constante declínio. O resultado desse fenômeno não poderia ser outro se não o aumento das desigualdades sociais. Esse cenário surgiu na década de 80, após um longo período no qual o Estado era o principal agente regulador e fomentador do bem-estar social e econômico do país (CABRAL, 2005). A degradação dos serviços essenciais básicos da população, principalmente mais carente, tomou proporções mais acentuadas devido à herança de um sistema de gestão pública desestruturado. Essa crise, por assim dizer, instigou, no início da década de 90, um debate na sociedade brasileira sobre a possibilidade de descentralização do atendimento das demandas sociais, políticas e econômicas, visando o “envolvimento da sociedade civil no processo de desenvolvimento” (BANDEIRA, 2000). A partir dessa situação os programas de responsabilidade social empresarial – RSE passaram a ser pauta constante das agendas empresariais despontando com soluções amenizadoras dos problemas de ordem social (MELO NETO e FROES, 1999).
Nesse contexto, os movimentos das empresas foram de duas ordens: i) empresas que construíram programas de responsabilidade social; e ii) empresas que se centraram em ações filantrópicas.
As ações filantrópicas caracterizam-se como prática de filantropia empresarial, neste caso, denominado de Marketing Social. Mas, a filantropia empresarial, conforme alguns autores, não é reconhecida como responsabilidade social, porque a ação é caracterizada por doações de produtos ou recursos financeiros, visando principalmente a promoção da imagem institucional (FREY e FREY, 2006). Essa forma de intervenção social é questionada por Baldissera e Sólio (2005) porque se trata de ações descontinuadas, o que não particulariza uma empresa cidadã.
A filantropia jamais é utilizada como uma ação de marketing, pois é vista como o exercício de um mecenato. Cremos, no entanto que muitas empresas utilizam a prática do que denominamos de marketing de filantropia, cuja ênfase é a doação de equipamentos como estratégia de promoção de produtos e marcas. (MELO NETO e FROES, 1999, p. 158)
Já um programa de responsabilidade social empresarial, quando bem articulado, contém em seu escopo de atuação uma fase que prevê a capacitação de gestores sociais locais com o intuito de transferir, em determinado momento, o controle da gestão à comunidade atendida. Essa etapa, que pode ser entendida como participação da comunidade na intervenção social, objetiva a continuidade das ações de forma independente do grupo mantenedor (GIFE, 2002).
Bandeira (2000, p. 61) destaca a relevância da prática participativa ao afirmar que ela:
deve, portanto, ser vista – por vários motivos – como um instrumento importante para promover a articulação entre os atores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade, e para melhorar a qualidade das decisões, tornando mais fácil alcançar objetivos de interesse comum.
A partir desse processo ocorre um aumento do capital social local porque proporciona aos membros de uma mesma localidade, um incremento nas potencialidades de transformação endógena. Dallabrida (2000) salienta que a tendência é de que cada região transforme-se em protagonista do desenvolvimento regional e que a consecução dessa propensão depende da habilidade da comunidade em construir política e socialmente a sua localidade. Barquero (2001) corrobora com esse conceito ao afirmar que o desenvolvimento endógeno sucede a participação da comunidade na construção e execução de ações voltadas a atender às carências dos habitantes locais. Salienta ainda que “o território é um agente de transformação e não mero suporte dos recursos e atividades econômicas” BARQUERO (2001, p. 39).
Capital social pode ser entendido como a aptidão que uma comunidade possui em tecer a união de esforços entre cidadãos, em prol de objetivos comuns e de interesse comunitário, visando o desenvolvimento local. Cada indivíduo possui sua própria rede de relacionamento, portanto, ao conciliar interesses com outro, o capital social da localidade onde reside também é ampliado (RAMOS e VALENTIM, 2006). Segundo Bandeira (2000), esse aspecto é o que determina e justifica as diferenças econômicas regionais. Quanto maior for o volume de capital social, maior será o grau de eficiência de uma comunidade no que diz respeito à execução de suas ações sociais.
Bandeira (2000, p. 33) faz uma relação entre a participação e capital social que consiste no seguinte:
o capital social – que é composto por um conjunto de fatores de natureza cultural que aumenta a propensão dos atores sociais para a colaboração e para empreender ações coletivas – constitui-se em importante fator explicativo das diferenças regionais quanto ao nível de desenvolvimento.
O capital social implica em concertação social que é interpretada por Dallabrida (2006) como sendo o protagonismo da sociedade civil no processo de desenvolvimento territorial. Isso significa que a comunidade age em vários estágios, desde a construção até a gestão do seu desenvolvimento social e econômico, a partir das suas potencialidades particulares. Franco (2000) fortalece essa afirmação considerando que ao dinamizar as potencialidades de uma comunidade o resultado pode ser visualizado por intermédio da prosperidade resultante.
Assim, a relação entre capital e concertação social provoca uma transformação social, política, econômica que representa o desenvolvimento regional, ora entendido como um processo de mudanças de ordem qualitativa, ocorridas numa determinada comunidade, num determinado espaço de tempo. A prática da RSE não pode servir meramente como artifício de promoção institucional ou engodo para atrair investimentos públicos e privados ou mascarar interesses fiscais. Portanto, a gênese de qualquer intervenção social deveria preconizar a concertação social através do reconhecimento e incremento do capital social existente no local. 


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terça-feira, 16 de agosto de 2011

RELAÇÕES HUMANAS

Por Heitor Jorge Lau
Relações Públicas, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas
Mestrando em Educação 
 
    A busca incessante por conhecimento, a motivação impulsionadora do desenvolvimento interpessoal, e a conseqüente plenitude das relações interpessoais colocam o homem, obrigatoriamente, na categoria de ser social. Desta forma, ele encontra-se infinitamente distante da condição de homo clausus (homem fechado em si mesmo) porque simultaneamente influencia e é influenciado pelo mundo que o cerca. É possível compreender esta observação bilateral na medida em que se reflita sobre o ciclo inicial de vida de todo indivíduo. O homem ao nascer é recebido e cuidado por várias pessoas, que provavelmente jamais verá novamente. Posteriormente, outras, muitas delas residentes fora do seu círculo de familiares e amigos, também nortearão caminhos a percorrer durante grande parte da sua vida, o quê, aliás, é condição básica para a sua sobrevivência nas jornadas pessoal e profissional. Qual o significado disto? Esta ordem natural dos fatos evita que o homem torne-se um eremita por natureza, e propicia relações, até certo ponto, estáveis com o mundo. Assim, a biografia de cada um é configurada, desde o nascimento, por intermédio das relações com os outros, sendo que por uma ótica sociológica, ninguém teria condições de desenvolver-se completamente sem passar pela experimentação social. São as experiências com os outros que irão, indubitavelmente, determinar aptidões, tendências, atitudes, virtudes e imperfeições comportamentais, suficientes e capazes de conectar ou distanciar uma pessoa das outras e vice-versa. É possível afirmar que este processo de aprendizado induzido, que possui sua gênese no momento do nascimento, é vitalício e não há forma de provocar sua interrupção. Contudo, as pessoas chegam à fase adulta “recheadas” de padrões e regras sociais, muitas delas sequer questionadas até então, tornando-as até certo ponto um tanto bitoladas. Mas é importante salientar que apesar de todas as forças modeladoras que acompanham cada individuo desde a infância, os parâmetros instituídos podem ser modificados e revestidos com outra roupagem, mesmo porque são todos resultantes de apropriações e criações de novos modelos ou possibilidades de viver em grupo. A evolução humana atinge o ápice da contrariedade no momento em que tudo aquilo que lhe foi dito e ensinado depara-se com controvérsias ou vieses que vão de encontro às convicções assumidas. Apesar deste confronto inevitável, os interesses individuais e grupais que mais cedo ou mais tarde acabam por se entrecruzar, são responsáveis pelas relações interpessoais, e cada indivíduo tem a incumbência de procurar novos horizontes e descobrir as verdades que lhe convier. É sabido que a homogeneidade ou uniformidade de pensamentos não contribui de forma satisfatória para o desenvolvimento interpessoal e muito menos para as relações interpessoais, ou seja, um sujeito somente se constitui plenamente a partir de experiências complexas e com seus diferentes. Esta multiplicidade de informações provoca o acréscimo de maturidade, sensibilidade e um aprimoramento da capacidade de adaptação as circunstâncias diversas. Existe um ditado popular que expressa “que uma ação vale mais que mil palavras”, mas seria inovador afirmar que a comunicação sábia em parceria com a ação apropriada gera resultados dobrados, afinal, o correto é comportar-se de acordo com o discurso proferido. Adotar uma postura autêntica, pautada por princípios éticos e respaldada por atitudes condizentes, transmite carisma e credibilidade. Cabe lembrar que é notório que as organizações estão buscando a excelência nas relações com seus clientes através da quebra de paradigmas, aproximação por intermédio de mídias sociais, aumento de interatividade e aprimoramento da comunicação (saber ouvir, e muito). Esta exigência mercadológica aplica-se de igual forma às relações interpessoais, pois se trata de uma questão de adaptação e sobrevivência diante de um mercado acirradamente competitiva. É uma busca frenética por respostas apropriadas para as questões apresentadas. Nunca haverá respostas ou caminhos mais acertados para as questões que insurgirem, mas seria sagaz ficar atento as respostas (feedback) provenientes das ações efetivadas. Por isso que o conhecimento adquirido, acumulado e transformado, se traduz num repertório de soluções possíveis, capaz de indicar e delinear caminhos alternativos. Como citado anteriormente, disposições complexas e incertas conduzem a novas fontes de idéias. Investir esforços contínuos no desenvolvimento pessoal, com vistas a excelência das relações, deve ser percebido como investimento instrutivo de resultados certos, mesmo que o retorno aconteça a médio ou longo prazo. A persistência, o menosprezo pelo desânimo e conformismo, são fatores que nunca podem ser desconsiderados porque é essencial a motivação. Carlos Drummond de Andrade[1], certa vez expressou: - A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca. Permanecer motivado é a única forma de seguir em frente no processo cognitivo voltado ao aprimoramento pessoal. Gracián (2001, p. 25) escreveu que “fazer um sábio no presente exige mais do que exigiu para fazer sete no passado. E atualmente é preciso mais habilidade para se lidar com um só homem do que antigamente com todo um povo”. Estas palavras denotam nitidamente o grau de complexidade existente nas relações interpessoais do mundo contemporâneo e um indivíduo será exatamente o reflexo daquilo que ele sabe. Ser sábio exige sapiência nas expressões e prudência nas ações, sem em momento algum sobrepujar outrem. Portanto, diante deste maremoto de novas contextualizações a respeito do desenvolvimento e relacionamento interpessoal, o importante é flexibilizar a mente, a fim de caminhar por terrenos fecundos que o conhecimento existente pode proporcionar.



[1] Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, em 31 de outubro de 1902, falecido no Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987, foi um poeta, contista e cronista brasileiro de expressão.

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