Doutorando em Psicologia Cognitiva
Mestre em Educação
Pós-graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas
Analista de Sistemas da Informação
* Pesquisas fragmentadas
Existem muitas pesquisas apontando a predominância de
aspectos negativos do uso da internet, contudo, nenhuma delas analisou todas as
suas formas de utilização simultaneamente e muito menos de forma empírica. As
relações virtuais acontecem em diversos cenários e contextos, portanto, afirmar
que as relações, de modo geral, se deterioram a partir do contato virtual,
significa opinar sob a ótica da generalização e especulação.
* Impulsividade e desvios de conduta REAIS
Os desvios de conduta vinculados as dificuldades do
controle de determinados impulsos podem sofrer um aumento gradual através do
uso excessivo da Internet, pelo simples fato de coexistir a possibilidade de
satisfação instantânea destes mesmos impulsos. Isto proporciona isenção de
qualquer tentativa de solucionar problemas de impulsividade. A saciedade é
virtual e utópica, mas geradora de expectativas gradativamente mais acentuadas.
Acredito que a Internet não ocasiona a depressão ou
qualquer outro tipo de desvio, todavia, são os indivíduos depressivos e/ou com
algum tipo de desvio emocional que recorrem na maioria das vezes, à Internet de
forma compulsiva e dependente.
* Relações conjugais
Especialistas matrimoniais afirmam que ocorreu um
aumento exponencial de dissoluções matrimoniais devido ao estabelecimento de
casos “extraconjugais cibernéticos”. Resta refletir se o rompimento das
relações ocorreu por motivos ligados ao ciberespaço ou se a relação de
cumplicidade e autenticidade do casal (ideal para a sustentabilidade da
relação) não possuía bases suficientes para manter o matrimônio.
*
Laços afetivos
Os laços delineados e concretizados a partir do
ciberespaço referem-se tão somente a uma comunhão de interesses ou
preferências, porém, não preenchem verdadeiramente, carências do ponto de vista
emocional, se comparados com os laços concretos constituídos pelas relações
sociais (físicas) familiares. Contudo, cabe a cada crítico avaliar a sua
concepção do verdadeiro sentido conotativo da palavra “proximidade”. Estar
próximo de alguém não significa estar presente fisicamente, face-a-face, pelo
contrário, proximidade é proveniente de estados emocionais sutis e profundos
com relação a outrem.
* Aspectos positivos das interações
Ao que concerne ao caráter do anonimato das relações
constituídas na Internet, todo internauta poderá experimentar incontáveis novas
formas de ser, pertencer e de estar
(relação estar para o mundo assim como mundo está para mim), através da
incorporação de novas identidades, com a nítida vantagem de não haver
fronteiras concernentes a custos sociais ou espaciais para tal. Sempre
existiram verdadeiros abismos interpostos às tentativas de relacionamento entre
classes desniveladas pelo caráter socioeconômico e geográfico. A Internet
propicia o fim das determinações preconceituosas e pré-definidas.
* Consideração final
Não é prudente acreditar na visão simplista do estar on-line
ou off-line, ser real ou virtual, porque afinal das contas, seria de extrema
ingenuidade considerar que somente as relações “off-line” é que podem,
verdadeiramente, ser admitidas como amizades “reais”.
O uso do ciberespaço é fato, e ninguém pode ignorar
que os avanços da humanidade não procedem a passos para a retaguarda. O desafio
do ser humano está justamente em aliar os progressos tecnológicos, sejam eles
eletrônicos ou não, ao seu cotidiano de forma consciente, benéfica e vantajosa.
Respondendo a questão: - a internet trouxe benefícios
às relações sociais? Sim, com certeza! Aqueles que já mantinham a prática do
contato pessoal agregaram mais um aliado aos processos comunicacionais; e para
quem tinha dificuldades ou não possuía tal hábito, eis uma forma de diluir
medos e recalques. Porque, se a Internet inexistisse, sem sombras de dúvida, o
ser humano encontraria outro repositório (culpado) para o seu repertório de
ansiedades, depressões e carências. Afinal, isto é típico do ser humano.