Por Heitor Jorge Lau
Empresário e Educador
Mestre em Educação
Mestre em Educação
Pós-Graduado em Gestão de Recursos Humanos
Bacharel em Comunicação Social – Relações Públicas
Analista de Sistemas da Informação
Capítulo 3 replicado da Dissertação de Mestrado
ADAPTAÇÃO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO AO ENSINO INCLUSIVO
ADAPTAÇÃO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO AO ENSINO INCLUSIVO
O avanço das tecnologias da informação fez com que as
fronteiras e os limites da educação fossem reavaliados devido aos novos meios
de comunicação, em particular, a internet. Com este advento o sistema de
educação foi impelido a assumir uma nova missão dos tempos: orientar e
contribuir para o desenvolvimento de cada aprendiz face às novas tecnologias da
informação. Nesta ótica, fica difícil admitir um ambiente de aprendizado nos
moldes da educação bancária, no qual o conhecimento é constituído somente
através da lousa. Surge neste cenário desafiador um novo enfoque: a adaptação
de tecnologias da informação ao ensino e vice-versa. A inserção desta nova
perspectiva nas atividades curriculares invoca o emprego de técnicas de ensino
inovadoras que inclui o emprego de tecnologias computacionais e redes de acesso
a WEB. Amora et al. (2011) salienta que a tecnologia computacional no ambiente
escolar tornou-se importante e até mesmo indispensável na medida em que se
tornou possível a adaptação de conteúdos a uma realidade tecnológica latente.
Mas também, não menos relevante, propiciou a redução da exclusão digital, fato
notório em algumas regiões do país. Somente é possível discutir e responder ao
questionamento da importância da tecnologia em sala de aula, a partir das
seguintes indagações: Como as tecnologias em sala de aula podem contribuir para
acelerar o aprendizado? Como elas podem proporcionar um equilíbrio entre o
processo ensino-aprendizagem ‘convencional’ e ‘não-convencional’? Como elas
podem, nesta delimitação de estudo, promover o ensino inclusivo? Seriam
pertinentes, ainda, dois questionamentos: O professor está preparado para alçar
mão das tecnologias? A escola possui recursos para ingressar na era do ensino
virtual? Contudo, tais indagações não podem determinar a postergação do uso das
tecnologias de informação e comunicação. O professorado tem a obrigação de
buscar conhecimentos e soluções para tal. Os avanços das tecnologias da
informação e o dinamismo no qual elas se redesenham exige dos profissionais da
educação habilidade para reciclar conhecimentos e perspicácia para colocá-los
em prática em tempo hábil.
Lévy
(1999) declara que:
Aprendizagens
permanentes e personalizadas através de navegação, orientação de estudantes em
um espaço do saber flutuante e destotalizado, aprendizagens cooperativas, inteligência
coletiva no centro de comunidades virtuais, desregulamentação parcial dos modos
de reconhecimento dos saberes, gerenciamento dinâmico das competências em tempo
real ... esses processos sociais atualizam a nova relação com o saber.
Adotar
uma estratégia educacional mais arrojada, diferente de qualquer metodologia
tradicional de ensino-aprendizagem, é o primeiro passo de uma transição rumo a
sociedade da informação. Alçar mão de uma didática totalmente informatizada
demanda método inovador capaz de estabelecer relações entre o desenvolvimento
de conhecimentos e os preceitos educacionais. É necessário o vínculo entre
método, objetivos e preceitos. Contudo, inovar uma metodologia de ensino sem a
presença de conceitos compatíveis com as novas interfaces computacionais é
tentativa vaga. O êxito do uso da tecnologia e o sucesso da apropriação dos
saberes constituídos dependem essencialmente da relação que irá se estabelecer
entre o aluno, conteúdo, recurso tecnológico, professor e a interação social do
grupo, principalmente.
Lévy (1999) afirma que:
O melhor
uso que possa ser feito dos instrumentos da comunicação com suporte digital é,
..., a conjugação eficaz das inteligências e das imaginações humanas. A
inteligência coletiva e uma inteligência variada, distribuída por todos os
lugares, que engendra uma mobilização otimizada das competências.
Quanto
mais acentuada estas relações, maiores são as possibilidades de construção de
conhecimento. Sem esta perspectiva a importância da utilização das tecnologias
da informação em sala de aula seria mínima e a aprendizagem seria similar ou
inferior a qualquer situação didática sem o recurso da informática. A extensão
virtual no contexto educacional propicia a dilatação da criação de situações
didáticas nas quais os ‘interlocutores cibernéticos’ comunicam-se verbal e não
verbalmente, simultaneamente. No que diz respeito ao acesso de conteúdos e
interação on-line, a sociabilização
torna-se ainda mais relevante, específica e producente, redesenha todas as noções
espaciais e temporais, redefine os conceitos instituídos de didáticas
situacionais. Sob uma ótica empírica, o contexto escolar apresenta, na maior
parte das vezes, eventos interativos computacionais sem a interlocução humana,
nos quais um caráter unidirecional é impingido. Na menor das hipóteses, ainda
que não coexistam interlocutores humanos, mais de um no ambiente de
aprendizado, o aluno precisa receber estímulos cognitivos significantes do meio
virtual. Propor um recurso pedagógico adaptado a sala de aula por intermédio de
uma tecnologia da informação não precisa ser enquadrada como tarefa complexa,
entretanto, a pedagogia deve ser constituída de objetividade plena.
Conforme
Lévy (1999):
O uso
crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa
acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber ... . Ao
prolongar determinadas capacidades cognitivas humanas (memória, imaginação,
percepção), as tecnologias intelectuais com suporte digital redefinem seu
alcance, seu significado, e algumas vezes até mesmo a sua natureza.
Com
a adaptação de tecnologias da informação ao ensino inclusivo crescem as chances
da experienciação, da solitude do pensamento reflexivo, do debate coletivo, e
mais importante, da sociabilização de saberes, sensações e emoções. Este conjunto
de possibilidades oriundos do plano psicológico não precisa ser visualizado
como uma dimensão antagônica a extensão tecnológica. A complexidade está
naturalmente intrínseca no processo de desenvolvimento cognitivo humano e não
nos métodos e conteúdos adaptados. De acordo com Pais (2010), “se todo conceito é formado por conceitos
anteriores, a síntese resultante da criatividade caracteriza-se como a própria
essência da complexidade.” Toda a aprendizagem possui conexão com o
desenvolvimento de algum conceito, no qual implicam combinações, rupturas e
remoção de barreiras para a construção do pleno conhecimento, seja ele de
caráter singular ou social. A experienciação cognitiva significativa apropria
um inédito elemento se confrontado com os saberes passados. Portanto, é
possível pensar que a criatividade abre caminho para a verdadeira aprendizagem
significativa, deveras compatível com a nova escola e sociedade da informação.
Kenski
(2012) verbaliza que:
As redes
de comunicação trazem novas e diferenciadas possibilidades para que as pessoas
possam se relacionar com os conhecimentos e aprender. Já não se trata apenas de
um novo recurso a ser incorporado à sala de aula, mas de uma verdadeira
transformação, que transcende até mesmo os espaços físicos em que ocorre a
educação. A dinâmica e a infinita capacidade de estruturação das redes colocam
todos os participantes de um momento educacional em conexão, aprendendo juntos,
discutindo em igualdade de condições, e isso é revolucionário.
A
educação contém em si o principio da dualidade em todas as suas relações. É
pertinente resgatar o princípio de Pascal, citado por Mores (2002), que dizia
que todas as coisas são causas e ocasionadoras, ajudadas e ajudantes, mediatas
e imediatas, e todas elas são mantidas por uma conexão natural e difícil de
perceber, que une o mais longínquo ao mais desigual, sendo improvável
reconhecer as frações sem reconhecer o integral, ou reconhecer o integral sem
reconhecer as frações. Todos os processos de ensino-aprendizagem envolvem
alguma espécie de articulação, que interconecta o sujeito ao objeto, o singular
ao geral. O dinamismo e a complexidade que envolve a prática educacional
transcendem a mera condução do aluno a busca da essência das coisas. O emprego
da tecnologia como meio de socialização de saberes, comportamentos e percepções
demonstra ao alunado os fatores que delinearam o contexto no qual se encontram
e que, necessária e naturalmente, precisam conviver pacificamente.