quinta-feira, 14 de novembro de 2024

PSICOPATIA

 


Psicopatas não têm nenhum sinal físico que os identifiquem, nem internamente e muito menos externamente. O transtorno não é possível de ser diagnosticado por meio de um exame morfológico, por exemplo, nem com o indicativo de anormalidade estética. Mas muito pelo contrário: o psicopata ainda se faz passar por alguém comum. Defendendo esta ideia, o psiquiatra norte-americano Hervey Cleckley criou o termo “máscara da sanidade”, ao publicar um livro homônimo, em 1941, em que relata a descrição clínica mais influente da psicopatia do século 20. Pioneiro do estudo do transtorno, Cleckley acreditava que um psicopata pode parecer uma pessoa como qualquer outra e até mesmo interessante, mas usando uma máscara que esconde o transtorno mental. No entanto, até o mais articulado dos atores uma hora deixa a máscara cair.

 Diagnóstico difícil

Assim como qualquer transtorno, a psi­copatia somente pode ser diagnosticada por profissionais capacitados, isto é, especialistas no assunto – e mesmo assim, não é algo fácil. A capacidade de dissimulação do psicopata dificulta uma identificação rápida e precisa. Muitas vezes, é preciso diversas consultas e conversas para ter certeza do quadro. Além disso, os sinais podem ser confundidos com outros transtornos, o que pode levar à solicitação de exames para confirmar o distúrbio. O diagnóstico é dado por um profissional da saúde mental, que pode exigir testes psicológicos. Outras vezes, é recomendável um neurologista por alguns apresentarem sinais EEG (eletroencefa­lograma, exame que mede a atividade elétrica cerebral) anormais. A história do paciente é importante para o diagnóstico, mas, às vezes, o indivíduo mascara os fatos, o que leva o psiquiatra a pedir os testes e o EEG.

 Teste especial

Uma das ferramentas usadas pelos especialistas é o PCL-R (psychopathy checklist-revised) ou Escala Hare, um questionário elaborado pelo psicólogo canadense Robert D. Hare, na década de 1970, a fim de diagnosticar tendências comportamentais antissociais e a psicopatia. Com 20 questões, o método foi desenvolvido, a princípio, para avaliar pessoas acusadas de crimes, sendo até hoje usado em processos criminais. A pontuação, dada pelo especialista, vai do número 0, para quem não apresenta característica alguma, até o 24, con­siderado o grau máximo de psicopatia. O teste se dá em duas partes: uma entrevista com o indivíduo sob suspeita e uma revisão de seus registros – por mentirem muito, é preciso checar as informações no histórico familiar, profissional, escolar e criminal. O profissional que aplica o PCL-R deve analisar as características do paciente perante os itens do questionário que abrangem as relações interpessoais do sujeito, seu envolvimento afetivo ou emocional, respostas a outras pessoas ou situações, provas de desvio social e estilo de vida. Portanto, o material inclui aspectos fundamentais que ajudam a definir o psicopata, como vitimização, egoísmo e comportamento antissocial. Reconhecer previamente um sociopata é complicado, pois normalmente são muito estratégicos, inteligentes e ardilosos. Costuma-se dizer que, infelizmente, são reconhecidos apenas depois de terem co­metido algum ato lesivo.

 Apesar de somente especialistas serem aptos a identificarem um psicopata, é possível ficar atento em alguns hábitos no dia a dia daquela pessoa que deixa você com a pulga atrás da ore­lha. Quanto a sinais indicativos, pode haver aqueles em que se observa comportamentos lesivos e frequentes, manifestados por crianças, adolescentes e adultos, sem a consequência de qualquer comoção desse indivíduo diante dessas ações.

É importante observar como ele lida com seus impulsos. Acredita-se, na linguagem psicanalítica, que o psicopata é uma pessoa que congenita­mente nasceu sem o ‘superego’, ou seja, a parte da personalidade que serve como limitador e controlador dos impulsos que, livremente e sem qualquer controle, brotam do seu inconsciente.

Se você convive com o suspeito há bastante tempo, é ainda mais fácil notar que há algo de errado. Não raro, na infância, costumavam encantar facilmente adultos pela sua aparente docilidade e espontaneidade. Entretanto, já apresentavam traços de frieza, insensibilidade, intolerância à frustração e agressividade – que podem ser evidentes em condutas tais como mentir e maltratar outras crianças e animais

Identificar um psicopata é algo muito importante não só para que se possa procurar ajuda e tratamento, mas também para preservar a integridade de quem convive no mesmo ambiente da pessoa com o dis­túrbio. É preciso compreender que o transtorno de personalidade antissocial é um problema grave de saúde mental e que apresenta consequências importantes não só para quem sofre da psicopatia, mas para quem convive em seu entorno. Reconhecer os sinais é um dos passos para lidar melhor com quem tem esse transtorno, já que, muitas vezes, não é possível se afastar totalmente.

Sinais de psicopatia

Há diversos comportamentos e características que enquadram um indivíduo como portador do distúrbio. Porém, isso não significa que uma pessoa que apresenta alguns dos sinais seja, necessariamente, um psicopata. E vice-versa: uma pessoa pode ter o transtorno de personalidade antissocial e não apresentar alguns dos sinais. De qualquer forma, é indicado prestar atenção nas seguintes características listadas pelo psiquiatra Hervey Cleckley:

        Atração superficial;

        Boa inteligência;

        Inexistência de delírios ou outros sinais de pensamento irracional;

        Ausência de nervosismo;

        Ausência de confiabilidade;

        Falta de veracidade;

        Inexistência de remorso ou vergonha;

        Comportamento antissocial;

        Julgamento precário;

        Incapacidade de aprender com a experiência;

        Inexistência de correspondência nas relações interpessoais;

        Egocentrismo patológico;

        Incapacidade de amar;

        Vida sexual impessoal, corriqueira e pouco integrada;

        Incapacidade de seguir um plano de vida.


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